Os controles de importação introduzidos pela Argentina neste mês trouxeram até agora um impacto moderado para as exportações do Brasil, disse nesta segunda-feira o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, minimizando a tensão comercial entre os dois maiores sócios do Mercosul. Skaf não forneceu cifras para ilustrar o comportamento das exportações brasileiras após a decisão da Argentina de exigir, desde 1o de fevereiro, licenças antecipadas de importação, a fim de proteger o superávit comercial. Depois de uma reunião com o embaixador argentino no Brasil, Luis Maria Kreckler, na sede da Fiesp, em São Paulo, Skaf disse a jornalistas que boa parte do que foi exportado nos primeiros dias foi liberado pelas autoridades argentinas. Ele acrescentou que recebeu a posição argentina de que a intenção da medida não é o de prejudicar o comércio Brasil-Argentina. Os controles argentinos sobre as importações são o último atrito em uma turbulenta relação comercial entre as duas maiores economias da América do Sul, cuja balança comercial trouxe em 2011 um superávit de 5,803 bilhões de dólares para o Brasil. Sem acesso aos mercados internacionais de crédito, desde que suspendeu os pagamentos de sua dívida em 2002, a Argentina depende do comércio exterior para se financiar e busca controlar a saída de cada dólar, depois que seu superávit comercial caiu 11 por cento em 2011. O governo brasileiro havia afirmado que avaliará o impacto das restrições argentinas e responderá com medidas equivalentes. A Fiesp, que calcula que as medidas argentinas poderiam afetar cerca de 80 por cento das exportações brasileiras à Argentina, tem mantido um discurso mais conciliador. Segundo Skaf, os governos da Argentina e do Brasil trabalham para equilibrar a balança comercial mediante um aumento das exportações de autopeças argentinas ao Brasil. Ele contou que haverá uma reunião nos próximos dias com as montadoras brasileiras para debater essa questão e ver as possibilidades de comprar mais dos argentinos. Os atritos entre Argentina e Brasil chegam em meio a uma escalada de medidas protecionistas em resposta à crise internacional. Ao mesmo tempo que questiona as restrições argentinas, o Brasil está exigindo do México a renegociação de um acordo de livre comércio de automóveis. (Por Esteban Israel)