A Coreia do Norte sinalizou na sexta-feira que está pronta para voltar às negociações nucleares multilaterais, após um ano de boicote, e depois de receber nesta semana um enviado do governo norte-americano. Analistas dizem que os três dias de reuniões de Stephen Bosworth com autoridades norte-coreanas em Pyongyang representam um começo razoável nos esforços de aproximação, mas que a volta do arredio regime comunista à mesa de negociações ainda exigirá um esforço considerável. Mesmo que isso ocorra, a Coreia do Norte tem um histórico de protelar as discussões, recuando de compromissos e abandonando o diálogo quando as coisas não saem como Pyongyang deseja. Em 2005, o regime aceitou abrir mão do seu arsenal nuclear em troca de ajuda financeira e política, mas depois abandonou o acordo e atraiu sanções ao testar armas nucleares e mísseis balísticos. A KCNA, agência oficial de notícias da Coreia do Norte, disse que as discussões com Bosworth, primeiro enviado especial do governo de Barack Obama para o país, foram "francas e práticas". "Os dois lados aprofundaram sua compreensão mútua, estreitaram suas diferenças e encontraram não poucos pontos comuns", disse um porta-voz da chancelaria. Bosworth se reuniu com o vice-premiê Kang Sok-ju, considerado mentor do programa nuclear e muito próximo do ditador Kim Jong-il, e com Kim Kye-gwan, que representa a Coreia do Norte nas negociações multilaterais. A KCNA disse que se falou muito da redação de um tratado de paz, de normalização das relações, do fornecimento de ajuda econômica e energética e da desnuclearização da península coreana. Bosworth viajou na sexta-feira de Seul para Pequim. Em seguida irá também a Tóquio e Moscou, fechando dessa forma seu giro por todos os cinco países que participam com os EUA das negociações a respeito da Coreia do Norte. A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, qualificou as conversas do enviado como "muito positivas." (Reportagem adicional de Christine Kim em Seul, Oleg Shchedrov em Moscou)