A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Subnutrição Indígena da Câmara Federal, reiniciou nesta quinta-feira, 27, em Mato Grosso do Sul, os trabalhos de investigações sobre as mortes de crianças indígenas, devido à desnutrição. Durante os últimos cinco anos, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) registrou 80 óbitos de menores com até cinco anos de idade, e pelo menos 90% eram crianças da etnia guarani-caiová. Segundo o presidente da CPI, deputado Vital do Rego Filho (PMDB-PB), está sendo ouvido todos os responsáveis por setores públicos e privados, que prestam assistência aos índios do Estado, direta ou indiretamente. Entre eles estão os dirigentes da ONG Missão Caiová, que de 1999 a 2007 recebeu R$ 60 milhões do governo federal. A ONG é mantenedora do Hospital Centrinho de Dourados, onde são internadas as crianças índias de toda região sul do Estado, habitada por cerca de 60 mil indígenas, em 63 aldeias. Possui 50 leitos, e desde 2005 vem mantendo média acima de 70% da lotação. Somente em Dourados existem 11 mil índios em 3,5 mil hectares que englobam as aldeias Bororó e Jaguapiru. Para o representante da Missão Caiová, Demétrios Pareja, as aldeias estão espalhadas e o quadro de pobreza é muito grande, situação que justifica os gastos da entidade. Lembrou que a prestação de contas será devidamente feita, como já aconteceu durante a CPI da Assembléia Legislativa, concluída com a mesma finalidade. Foram ouvidos também, o coordenador do Conselho Tutelar, Josemar Nunes e a chefe do Núcleo de Fundação Nacional do Índio, Margarida Nicoleti. Os trabalhos dessa etapa da CPI serão concluídos nesta sexta-feira, 28, na Assembléia Legislativa, em Campo Grande, quando será divulgado um relatório geral sobre os resultados. Na ocasião, serão ouvidos o médico Zelik Trajber, responsável técnico pela saúde indígena da Funasa, o procurador da República em Dourados, Charles Stevan da Mota Pessoa, e a promotora de Justiça da Infância e Juventude, Ariadne de Fátima Cantu da Silva.
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