O mercado de crédito brasileiro acelerou em agosto junto com redução nos spreads bancários mas, ao mesmo tempo, a inadimplência geral não cedeu, informou o Banco Central nesta quarta-feira. No mês passado, o estoque de crédito cresceu 1,2 por cento sobre julho, acima da alta de 0,7 por cento vista naquele mês. Com isso, o estoque chegou a 51 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ou 2,211 trilhões de reais, informou o BC. Dados divulgados pelo BC mostraram ainda que a inadimplência ficou em 5,9 por cento no mês passado, estável em relação a julho. O calote de pessoa física também manteve-se estável, em 7,9 por cento em agosto, apesar de em financiamentos de automóveis ter caído ligeiramente, para 5,9 por cento em agosto, contra 6 por cento em julho. O BC informou também que o spread bancário -diferença entre o custo de captação do banco e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final- atingiu 22,5 pontos percentuais em agosto, contra 23,0 pontos no mês anterior, nem movimento de queda como busca o governo. O maior movimento foi registrado no segmento de pessoas físicas, com retração de 0,7 ponto, para 27,7 ponto percentual. Para pessoa jurídica, a redução foi de 0,3 ponto, para 15,7 ponto percentual. O BC informou também que a taxa média de juros ficou em 30,1 por cento no mês passado, queda de 0,6 ponto percentual sobre julho, reforçando o menor nível histórico. O juros para pessoa física recuaram 0,6 ponto, para 35,6 por cento, também recorde de baixa. Já para as empresas, a queda nas taxas foi de 0,5 ponto, para 23,1 por cento. A média diária de concessões de crédito livre caiu 1,3 por cento, apesar da alta do estoque total de crédito no mês passado. PRESSÃO A fim de estimular a oferta de crédito na economia e contribuir para a redução dos juros e do spread, o BC reduziu, em meados de setembro, as alíquotas do compulsório bancário sobre depósitos à vista e a prazo, injetando na economia cerca de 30 bilhões de reais. A alíquota adicional de 6 por cento incidente sobre depósitos à vista foi reduzida a zero. Já a alíquota adicional sobre depósitos a prazo caiu para 11 por cento, ante 12 por cento, e terá efeito a partir do dia 29 de outubro deste ano. Por conta desse movimento, o mercado passou a avaliar que o BC não fará mais cortes na Selic --hoje na mínima histórica de 7,50 por cento-- neste ano. Desde agosto do ano passado, a autoridade vem reduzindo a taxa básica de juros do país a fim de estimular a economia. Além disso, o governo mantém a pressão sobre os bancos para a reduções dos spreads, usando os bancos públicos para puxarem essas taxas para baixo. (Por Tiago Pariz e Alonso Soto)