A economia brasileira está numa fase de crescimento importante e deve apresentar um aumento de pelo menos 5% no próximo ano - perspectiva viável, diante da possibilidade de importar e de receber investimentos estrangeiros. Mas, a médio prazo, a fórmula não é boa. Somente um aumento da poupança interna garante um crescimento sadio.Até agora o governo privilegiou o consumo sem, porém, estimular a poupança para aumentar os investimentos. No setor público houve um grande crescimento dos gastos com o funcionalismo e com o INSS, além de forte expansão do crédito encabeçada pelos bancos oficiais. Os investimentos públicos crescem abaixo do previsto e boa parte deles para cobrir a elevação de custos, refletindo a incapacidade dos órgãos do governo de conduzir seus programas em favor de uma infraestrutura melhor.O setor privado, vítima de uma taxa cambial excessivamente valorizada, fruto de uma política que conta com a poupança externa para atender ao crescimento da demanda, parou de investir. Decisão que se deve ao fato de não poder produzir a um custo igual ao de competidores estrangeiros e de ter de enfrentar queda de exportações que no passado ofereciam possibilidade de obter preços competitivos graças a uma economia de escala.Para sair desse impasse é preciso desenvolver no País uma política de estímulo à poupança que permita financiar os investimentos necessários.Do lado do governo, é evidente a necessidade de reduzir suas despesas de custeio para aumentar seus investimentos na infraestrutura e melhorar sua capacidade de gerenciamento. Não se devem menosprezar as dificuldades para alcançar esse objetivo, levando em conta que algumas das decisões do passado recente terão efeito prolongado sobre as despesas.Portanto, há que favorecer os investimentos privados. A principal medida seria uma reforma fiscal que aliviasse as empresas de uma tributação caótica, que tem o duplo inconveniente de ser pesada e cuja administração é custosa. A renúncia fiscal que o governo promoveu em benefício do consumo pode ser melhor pensada e favorecer as empresas que estão investindo. Não se trata de descartar a poupança externa, que por muito tempo será necessária, mas de tentar exigir que esteja vinculada a um aporte de inovação tecnológica. Finalmente, cumpriria transferir o crédito, a preço razoável, do consumo para os setores produtivos.