A presidente eleita da Argentina, Cristina Kirchner, atual senadora e primeira-dama do país, classificou de "frutífera e excelente" a reunião que teve nesta segunda-feira no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela fez a Brasília, nesta segunda-feira, a primeira viagem ao exterior depois de eleita - com exceção da viagem ao Chile, na semana passada, para participar ao lado do marido da reunião de cúpula ibero-americana. Cristina chegou ao Brasil acompanhada do chefe de gabinete, Alberto Fernández, e de cinco ministros: da Economia, Martín Lousteau, o chanceler Jorge Taiana, do Planejamento, Julio de Vido, da Defesa, Nilda Garré, e do futuro ministro da Ciência e Tecnologia, Lino Barañao. No encontro com o presidente Lula, de cerca de uma hora e meia, a principal decisão, segundo relato de Cristina e do assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, foi o estabelecimento de uma nova metodologia de trabalho, na qual os assuntos da cooperação bilateral serão divididos por área e não por ministério. "Eu propus uma metodologia na qual os grupos são divididos não por ministérios, mas por áreas, onde cada tema tenha um responsável. E que fixemos metas, objetivos e prazos para alcançá-los", afirmou Cristina em breve declaração à imprensa no Palácio do Planalto, ao lado do porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach. O presidente Lula não participou da declaração à imprensa, apenas posou para imagens no início da reunião. A presidente eleita da Argentina disse que os dois tomaram a decisão de aprofundar a associação estratégica entre os dois países para fortalecer o bloco regional. "O mundo vai se relacionar em blocos e o aprofundamento é uma questão estratégica e funcional, além de conceitual", afirmou. Os dois presidentes já marcaram uma primeira reunião bilateral para fevereiro para repassar os assuntos que serão discutidos pelos grupos de trabalho. Uma das áreas é a de energia. Marco Aurélio Garcia disse que o presidente Lula insistiu muito na necessidade de uma cooperação entre Enarsa (estatal argentina de petróleo) e Petrobras, inclusive para prospecção em águas profundas. Há suspeitas de que o campo de petróleo e gás de Tupi, anunciado pelo governo brasileiro no início do mês, se estenda até as águas territoriais argentinas. A Argentina também enfrenta a ameaça de racionamento de energia nos próximos anos. A construção da usina hidrelétrica binacional Garabí, no rio Uruguai, que aumentaria a capacidade energética dos dois países, foi discutida entre as duas equipes, segundo Garcia, mas ele disse que as discussões ainda estão em fase inicial e não foi tomada nenhuma decisão. O diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, participou da reunião, que teve no total 13 autoridades brasileiras e 11 argentinas. O presidente Lula já confirmou presença na posse de Cristina, no dia 10 de dezembro. Na mesma semana deve viajar para Bolívia e Venezuela, para visitas bilaterais nas quais a energia deve ser o principal assunto. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.