O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, parte na quarta-feira para o exílio na República Dominicana, sete meses depois de ser derrubado por um golpe civil-militar. A seguir, uma cronologia dos principais fatos na pior crise política das últimas décadas na América Central: 24 de junho - O presidente Manuel Zelaya demite o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, depois que o Exército se recusa a distribuir cédulas para um referendo extraoficial em que os hondurenhos se manifestariam sobre o fim da proibição constitucional à reeleição presidencial. Críticos dizem que se tratava de uma tentativa velada de Zelaya de buscar um novo mandato. Ele nega. 25 de junho - A Suprema Corte determina a reintegração do comandante militar ao seu cargo. Zelaya comanda um grupo de turbulentos manifestantes que invadem um quartel e pegam as cédulas à força. 28 de junho - Na madrugada anterior ao dia da votação, soldados prendem Zelaya em sua casa e o colocam de pijama em um avião com destino à Costa Rica. O Congresso nomeia Roberto Micheletti como presidente interino. Credores internacionais suspendem empréstimos a Honduras. 29 de junho - O presidente dos EUA, Barack Obama, diz que o golpe é ilegal e estabelece "um terrível precedente". 4 de julho - Reunida em Washington, a Organização dos Estados Americanos suspende Honduras. 5 de julho - Pelo menos um manifestante pró-Zelaya é morto em confrontos no aeroporto de Tegucigalpa, onde soldados impedem o pouso de um avião que trazia o presidente deposto. 8 de julho - os EUA suspendem 16,5 milhões de dólares em ajuda militar. 9 de julho - Micheletti e Zelaya discutem a crise separadamente com o presidente da Costa Rica, Oscar Arias. Intermediários redigem um acordo após dias de negociações, mas a questão da volta de Zelaya impede um acordo. 21 de setembro - Zelaya volta clandestinamente do exílio e se refugia na embaixada do Brasil, para evitar a prisão. Soldados patrulham as ruas em torno da embaixada e impõem um toque de recolher em tempo integral. 27 de setembro - Decreto de Micheletti restringe as liberdades individuais, proíbe protestos e fecha veículos de comunicação simpáticos a Zelaya. As medidas vigoram por duas semanas. 7 de outubro - Representantes de Zelaya e Micheletti iniciam um novo diálogo, logo abandonado. 29 de outubro - Uma delegação de alto escalão dos EUA pressiona ambos os lados a assinarem um acordo que submete ao Congresso, depois de consultada a Suprema Corte, a questão da volta de Zelaya ao poder. O acordo prevê também a formação de um governo de unidade nacional. 6 de novembro - O acordo fracassa porque o Congresso demora a votar, e Zelaya, ainda na embaixada brasileira, diz que Micheletti manobra para formar um novo governo sem ele. Ele pede aos hondurenhos que boicotem a eleição presidencial marcada para 29 de novembro. 14 de novembro - Zelaya diz que rejeita a volta ao poder como parte de qualquer acordo destinado a encerrar a crise, já que isso legitimaria o golpe. 17 de novembro - Parlamentares dizem que só votam o destino de Zelaya depois da eleição presidencial. 25 de novembro - A Corte Suprema opina que Zelaya não deve voltar ao seu cargo. 29 de novembro - O latifundiário conservador Porfirio Lobo vence com facilidade a eleição presidencial. Nem Zelaya nem Micheletti participam do pleito. O Brasil não reconhece o resultado, por se tratar de uma eleição organizada pelo governo de facto. 2 de dezembro - O Congresso vota contra a restauração do poder a Zelaya. 9 de dezembro - Zelaya se prepara para deixar a embaixada com destino ao México, mas é barrado na última hora pelo governo de facto, por causa de uma discordância sobre seu status político no exílio. 13 de janeiro - Lobo e o governo dominicano assinam um acordo que garante salvo-conduto para que Zelaya deixe a embaixada com destino ao país caribenho. 26 de janeiro - Um juiz da Suprema Corte absolve a cúpula militar das acusações de abuso de poder relativas ao golpe. No mesmo dia, o Congresso concede anistia política a Zelaya, o que no entanto não o isenta de acusações penais e não altera seus planos de deixar o país. 27 de janeiro - Termina oficialmente o mandato de Zelaya, que se prepara para deixar a embaixada do Brasil. (Texto de David Cutler, de Londres, e Miguel Angel Gutierrez em Tegucigalpa)
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.