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Apertem os cintos, o governo sumiu

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Por danielpiza

Governos, como pessoas, se revelam nas crises. Já faz mais de seis meses que aconteceu o maior acidente da aviação brasileira. Logo em seguida, uma série de acusações convenientemente precipitadas mostrou que o problema era bem maior do que um transponder desligado por americanos num jato executivo. O sistema todo, não por falta de aviso, estava e está à beira de um colapso: controladores de vôo sobrecarregados e desqualificados; aeroportos além do limite de sua capacidade; desorganização; verbas cortadas; suspeitas de corrupção nas obras, etc. Os cidadãos passaram a ser submetidos à maior cadeia de desrespeitos que já se viu no setor.

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Mesmo com tantos atrasos, cancelamentos e abusos, o governo não definiu um comitê para tratar da crise. O ministro, Waldir Pires, ficou sozinho na turbulência. Lula soltou algumas bravatas ("Quero tudo resolvido em 48 horas", disse há 4 meses) e nada fez. Agora, com a greve mais do que previsível dos controladores, cometeu outros três erros: prometeu anistia a eles, passando por cima das autoridades militares, que todo mundo sabe como encaram a quebra de hierarquia; anunciou a desmilitarização do setor, como se fosse algo fácil e rápido; e depois recuou da anistia, passando a criticá-los como "irresponsáveis" e "traidores". Enquanto isso, nenhum cidadão até agora recebeu a menor indenização pelos maus tratos e prejuízos sofridos.

Quando um "líder", enfim, acredita que o banho-maria resolve os problemas, todo mundo sai queimado.

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