Breve diário do Recife

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Por danielpiza
Atualização:

Passei três dias no Recife (os recifenses fazem questão do artigo definido), apurando algumas matérias, e aproveitei muito a cidade que não visitava havia oito anos. Recife tem uma história literária forte, ligada a nomes como Gilberto Freyre, João Cabral de Melo Neto, Joaquim Nabuco, Álvaro Lins e tantos mais; tem uma cultura popular igualmente forte, na música e no artesanato (representada no Museu do Homem do Nordeste, muito bem montado na Casa Forte), além de espaços como o parque de Francisco Brennand, cujas obras se espalham pela cidade, e o instituto de seu primo, Ricardo Brennand, que tem coleção de Frans Post; tem casarões antigos, como o de Freyre, e casario colonial colorido, como se vê melhor ainda em Olinda, e tem bairros modernos, com prédios cada vez mais altos e em formas curiosas (como um parêntese voltado na concavidade para o mar, tendo no fundo convexo as janelinhas e escadarias), em especial na praia de Boa Viagem e no cais Santa Rita, onde foram construídas duas "torres gêmeas", altíssimos prédios à beira da foz do Capibaribe. A cidade é um tanto espalhada e o trânsito vem piorando, mas dizem que a criminalidade caiu. E é preciso revitalizar o centro agora que o porto perdeu importância para Suape.

E uma cidade conquista pelo estômago também. Comi muito bem no Maxime, por exemplo: fritada de aratu (espécie de caranguejo), pargo com batata ao murro e a deliciosa "cartola", um doce de banana com canela e queijo-manteiga. No Chez Georges, carne de sol com queijo coalho, feijão verde e farofa de jerimum. Na Oficina do Sabor, em Olinda, pescada rosa com molho de gengibre. E no tradicional Leite, ao lado do Recife Antigo, um tenro cabrito com arroz no próprio molho, seguido novamente de "cartola". E os outros doces, como bolo de rolo, baba de moça e nego bom, que me serviram aqui e ali? Adoçar a vida é a melhor vingança.

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