Nas areias árabes

Acompanho com grande atenção os acontecimentos nos países árabes. Depois da Tunísia e do Egito, há protestos na Líbia (que azar, Lula) e no Bahrein. No Cairo, Mubarak foi derrubado, o Exército assumiu e as eleições devem ocorrer em seis meses. Os conservadores, que leram mal Edmund Burke, dizem que revoluções não melhoram nada, porque logo depois vem outro ditador. No caso, tenho lido na imprensa brasileira alguns que dão certeza de que a Irmandade Muçulmana vai ganhar força e estabelecer uma autocracia islâmica, sem respeito ao Estado de Direito e às liberdades civis. Dizem que o Egito vai no caminho do Irã, não da Turquia. Mas vejo esse movimento supranacional, feito em grande parte por jovens com alguma instrução e acesso à modernidade, e tenho a sensação de que não é a mesma coisa.

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Por danielpiza
Atualização:

Não por causa de redes sociais, vontade de consumo, etc. Mas porque o denominador comum é a rejeição ao autoritarismo, aos regimes isolacionistas e antidemocráticos. Daí a dizer que democracias consistentes, plurais e laicas vão aparecer é outra discussão. Muito sangue ainda vai ser derramado, muitos países continuarão igual, etc. O que é improvável, porém, é que estejamos vendo uma simples troca de grupos de poder. E vale lembrar que, quando o muro de Berlim caiu, também foi dito que o autoritarismo socialista voltaria. As democracias do Leste Europeu e da Rússia ainda devem saúde, mas o passado passou.

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