Ganhei da minha mulher a fascinante edição fac-similar de Mensagem, de Fernando Pessoa, que reproduz o original do escritor tal como está na Biblioteca Nacional de Portugal. Vemos as páginas datilografadas e as pequenas anotações e correções à mão do autor, inclusive a troca do título, que antes seria Portugal. Percebo que há uma moda intelectual que diz que esse não é o melhor Pessoa, afinal foi seu único livro publicado em vida (boa parte de sua poesia saiu em revistas e jornais) e com o nome verdadeiro, não sob um dos heterônimos, logo com certo aroma de ufanismo ou oficialismo. Mas basta ler alguns versos para esquecer essa objeção ideológica e, lendo um pouco mais, fica claro que há muita ironia no lugar de patriotismo - inclusive quando Pessoa diz que "o mar com fim será grego ou romano/ o mar sem fim é português". Só quem não tem a "febre de navegar" não vibra com esse livro.
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Por danielpiza
Atualização:
Muito mais que os modernistas paulistas, Pessoa foi moderno e eterno.