Decretada prisão de 9 acusados de extorquir camelôs

Polícia quer saber o destino do dinheiro arrecadado pelas duas quadrilhas de fiscais da Subprefeitura da Mooca

PUBLICIDADE

Por Redação
2 min de leitura

A Justiça decretou na terça-feira, 15, a prisão preventiva de 9 de 11 acusados de extorquir dinheiro de ambulantes do Brás, na zona leste de São Paulo. Eles foram detidos na semana passada, na Operação O Rapa. Embora tivesse indícios da participação dos outros dois indiciados no esquema de arrecadação de propina, a polícia disse não ver necessidade de mantê-los presos. A partir de agora, o principal foco da investigação conduzida pela Unidade de Inteligência Policial (UIP) será o destino de mais de R$ 1 milhão amealhado por mês por dois grupos que agiam dentro da Subprefeitura da Mooca. Foi decretada a prisão preventiva dos irmãos Marcelo e Felipe Eivazian - respectivamente o assessor político e o chefe da Unidade de Fiscalização -, dos fiscais Edson Mosquera, apontado como líder de uma das supostas quadrilhas, Ronaldo Correa dos Santos e Nilson Alves de Abreu, do advogado Leandro Giannasi Severino Ferreira, do ambulante João Jorge da Cunha e dos camelôs Juvemar dos Santos e Ademir Batista, que estão foragidos. O promotor José Carlos Blat se reuniu com o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, e com o corregedor-geral do município, Benedito Nicotero Filho, para definir a atuação da força-tarefa que vai apurar suspeitas de corrupção em outras subprefeituras. As denúncias, segundo Blat, recaem sobre Vila Prudente, Lapa, Pinheiros e Sé. "É difícil coibir esse tipo de ação (de corrupção) dentro da Prefeitura, por isso montamos essa força-tarefa com o Ministério Público e a Polícia Civil", disse Matarazzo. O secretário negou ter sido o responsável pela indicação de Marcelo, apontado como um dos líderes da máfia dos fiscais, para a chefia de gabinete da Subprefeitura da Vila Prudente. "Não conheço, nunca vi e não sabia que cara tinha", afirmou. Escutas telefônicas feitas pela Operação O Rapa sugerem que a indicação de Eivazian para o cargo teve o aval de Matarazzo. Afastamentos Desde que foi desbaratada a nova máfia dos fiscais, a Prefeitura triplicou o número de agentes de apoio que atuam no Brás e afastou da fiscalização todo o efetivo da Subprefeitura Mooca, onde funcionavam os esquemas de cobrança de propina a camelôs irregulares. Antes da operação policial, 20 agentes atuavam nas ruas do bairro. O número subiu para 32 na segunda e para 70 na terça. Os novos funcionários pertencem ao Centro de Controle de Operações Integradas (CCOI), ligado à Secretaria de Coordenação das Subprefeituras. Também participaram da fiscalização de terça 40 membros da Guarda Civil Municipal (GCM). Apesar do reforço, foram apreendidos o equivalente a quatro sacos de 100 litros de produtos piratas. A Subprefeitura da Mooca afirmou que a operação impede a montagem das barracas no entorno do Largo da Concórdia e, por isso, não recolhe muito material. O órgão informou que os agentes de apoio foram trocados "como estratégia para evitar novos problemas na região" e o aumento do efetivo tem o objetivo de reforçar a fiscalização. Dos 20 agentes de apoio que atuavam no bairro, três foram presos na operação da polícia e o restante, remanejado para outras atividades. O CCOI foi criado em 2006 por causa do aumento do número de roubos de fios e cabos na Cidade. Funciona como uma central de monitoramento em prontidão permanente e tem um efetivo de 200 agentes de apoio para atuar em situações de emergência ou em grandes operações. Os ambulantes do Brás estão programando para quinta-feira uma nova passeata nas ruas do bairro para pedir a saída do subprefeito Eduardo Odloak. Na segunda-feira, fizeram protesto em frente à Câmara dos Vereadores. "Aumentaram o número de fiscais para tentar coagir a gente que está fazendo denúncias", afirmou Afonso José da Silva, presidente do Sindicato dos Camelôs Independentes de São Paulo. "Enquanto não conseguirmos que ele seja definitivamente afastado, não vamos ter sossego." (Com informações de Bruno Tavares, de O Estado de S. Paulo, e Marcela Spinoza, do Jornal da Tarde)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.