O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse ontem que a comissão recebeu uma denúncia, não confirmada, de que o petista Jorge Lorenzetti, ex-chefe do núcleo de inteligência da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria adquirido US$ 150 mil de uma casa de câmbio sediada em Florianópolis. O dinheiro, segundo Jungmann, faria parte do lote de US$ 15 milhões repassado pelo Banco Sofisa a várias corretoras e distribuidoras - e depois encaminhado a 30 casas de câmbio e agências de viagem. Faziam parte do mesmo lote os US$ 248 mil destinados à compra do dossiê contra políticos tucanos apreendidos pela Polícia Federal. A suspeita é a de que a aquisição atribuída a Lorenzetti, se confirmada, integraria os dólares apreendidos dia 15 de setembro, em São Paulo, com Gedimar Passos e Valdebran Padilha. Jungmann não quis revelar sua fonte e disse ter tentado confirmar a informação ontem em conversa com o delegado Diógenes Curado Filho, responsável pelo inquérito que apura a operação de tentativa de compra do dossiê contra políticos tucanos. ?O delegado informou que não podia confirmar ou negar porque, no atual momento da investigação, isso seria liberar informações sigilosas, o que não seria conveniente para o inquérito?, explicou o deputado. ?Mas disse que sem sombra de dúvida Santa Catarina está entre as preocupações.? Lorenzetti, acusado de envolvimento na operação de compra do dossiê, era ligado ao Diretório do PT de Santa Catarina. Conforme o vice-presidente da CPI, dos dólares adquiridos pelo Sofisa no exterior, parte teria sido transferida à Corretora e Distribuidora Action. A instituição, por sua vez, teria repassado o dinheiro a diversas agências de viagem, entre elas a Centaurus que, por sua vez, teria vendido dólares a Lorenzetti por meio de uma operação ?cabo?. Trata-se de uma operação na qual o recurso, originalmente depositado no exterior, é disponibilizado ao beneficiário final no Brasil. O advogado de Lorenzetti, Aldo de Campos Costa, informa que desconhece a denúncia divulgada por Jungmann e que não existem, nos autos do inquérito, elementos que indiquem a existência da operação. ?São declarações que devem ser vistas com reserva em função do período eleitoral e do interesse desse congressista no resultado das eleições do dia 29?, respondeu Costa. Wilson Santos, um dos proprietários da Centaurus, nega a venda. ?Essa operação não existe e até me causa surpresa. Todas as nossas operações são legais, registradas junto ao Banco Central e nossos clientes são turistas. Por isso, 99% de nossas vendas está abaixo de R$ 10 mil.? Santos confirmou que adquiriu dólares da Action, também em transações legais, porque a distribuidora, segundo ele, apresenta os melhores preços.