O ministro boliviano de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, disse nesta terça-feira que a prioridade da Bolívia é abastecer com gás o mercado interno e depois o do Brasil. "Os contratos em vigor determinam que a primeira prioridade é o mercado interno, a segunda é o do Brasil e a terceira é o mercado da Argentina", disse. Villegas participou em Santiago, no Chile, de um encontro de dois dias com outros ministros de energia dos países andinos para definir a ligação elétrica na região - além de Chile e Bolívia, participaram Peru, Equador e Colômbia. Em entrevista ao jornal La Nación, da capital chilena, nesta terça-feira, Villegas disse que a expectativa é de que Bolívia e Brasil realizem trabalhos conjuntos a partir dos novos investimentos da Petrobras no país presidido por Evo Morales. "Esta semana estamos trabalhando numa agenda hidrocarborífera, definida pelos dois países, para garantir novos investimentos da Petrobras nos campos onde ela está trabalhando e vamos assinar um contrato para a exploração de novas áreas", afirmou. "Portanto, acho que (para Bolívia) não existe uma redução de mercado. Ao contrário, vamos continuar e, inclusive, ampliar os mercados de exploração com Brasil." Villegas lembrou que o assunto será tratado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita que ele fará a La Paz no dia 12 de dezembro. A Bolívia é dona da segunda maior reserva de gás da América do Sul, atrás apenas da Venezuela. Mas segundo assessores da Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos e analistas bolivianos do setor, a falta de investimentos tem provocado a queda na produção de gás no país. Pelos cálculos da câmara, que reúne as empresas petroleiras, a Bolívia precisaria hoje de quase 47 milhões de metros cúbicos diários de gás, mas acumula déficit acima de 5 milhões de metros cúbicos diários. A Bolívia precisa hoje de gás para atender o mercado interno (cerca de 6,6 milhões de metros cúbicos, mas tem se mantido com menor quantidade, mostrando escassez em áreas do país). O país atende ainda o contrato com o Brasil (30 milhões de metros cúbicos por dia), com Cuiabá (que isoladamente são outros 2 milhões de metros cúbicos diários) e a Argentina (7,7 milhões de metros cúbicos diariamente). Nesta equação, segundo assessores do Ministério de Hidrocarbonetos, a Argentina tem recebido menor quantidade do que o estabelecido no contrato em vigor. Além da queda na produção, a Bolívia registra alta no consumo de gás. O consumo do produto no mercado interno subiu de 3,4 milhões de metros cúbicos diários, em 2002, para 5,8 milhões de metros cúbicos diários em 2007. O setor industrial e a quantidade de carros convertidos a gás são os principais responsáveis por esta alta. Em menos de dez anos, segundo a Câmara de Hidrocarbonetos, a quantidade de carros a gás na Bolívia cresceu cerca de vinte vezes. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.