O dólar fechou em leve queda ante o real nesta quinta-feira, com uma maior expectativa de entrada de fluxo no Brasil após medidas de estímulo monetário anunciadas por bancos centrais no exterior, e que tem trazido uma tendência de baixa para a moeda norte-americana. No entanto, a queda ainda era limitada por atuações recentes do Banco Central doméstico, que mostrou disposição para manter o dólar acima de 2 reais e tem propiciado menor volatilidade ao mercado de câmbio. A moeda norte-americana caiu 0,17 por cento, cotada a 2,0235 reais na venda. Durante o dia, a divisa oscilou entre 2,0310 reais, cotação registrada logo após a abertura da sessão, e 2,0213 reais, valor atingido na última hora de negociação. "O mercado ainda está com a percepção de que as medidas tomadas pelos bancos centrais vão atrair mais fluxo. Mas o dólar não tem muito espaço para cair mais, porque o BC está atuante e segurando a moeda", disse o operador de câmbio da Renascença Corretora José Carlos Amado. Desde a semana passada, o BC realizou quatro leilões de swap cambial reverso, operação que equivale à compra de dólares no mercado futuro, e conseguiu manter a moeda acima de 2 reais, considerado um piso informal. No entanto, o BC completou nesta quinta-feira três sessões sem atuar. Segundo o operador Amado, caso o BC demore para voltar a intervir no mercado e o cenário externo melhore, o dólar encontrará ainda mais suporte para continuar a cair. "É claro, porém, que se lá fora o cenário ficar um pouco melhor e o BC ficar mais ausente, o mercado pode ter mais confiança e continuar vendendo dólares, fazendo a moeda cair ainda mais", acrescentou. Para o mercado, já há maior pressão de baixa sobre o dólar desde que, na semana passada, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, anunciou um programa ilimitado de estímulo, que deve injetar liquidez nos mercados e deverá trazer fluxos para emergentes como Brasil. Na esteira da medida, o Banco do Japão, banco central do país, anunciou o afrouxamento de sua política monetária, ao aumentar a capacidade de seu programa de compra de ativos. Anteriormente, o Banco Central Europeu (BCE) já havia anunciado um programa de compra de títulos de países endividados da região. Autoridades do governo brasileiro, no entanto, têm defendido um dólar mais forte para dar maior competitividade para a indústria. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou no início desta semana a ação tomada pelo Fed. Nesta quinta-feira, o humor no cenário externo ainda piorou, com indicadores ruins na China, na Europa e nos EUA trazendo maior aversão a risco e alta do dólar ante outras divisas. Às 17h58, por exemplo, o dólar subia 0,46 por cento em relação a uma cesta de moedas, enquanto o euro cedia 0,61 por cento frente a moeda norte-americana. (Reportagem de Danielle Fonseca)
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