O dólar fechou em leve alta ante o real nesta terça-feira, após recuar quase 1 por cento durante o dia, com os investidores reagindo a novos sinais de risco de rebaixamento da classificação de risco do país neste ano. A moeda norte-americana subiu 0,08 por cento, para 2,3785 reais na venda, depois de recuar 0,87 por cento na mínima da sessão, a 2,3560 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,2 bilhão de dólares. "Os principais determinantes da queda do dólar de hoje foram a expectativa de corte gradual do estímulo dos EUA e a expectativa de fluxo cambial positivo, mas a perspectiva de corte no rating acabou revertendo o recuo", resumiu o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho. Durante a tarde, em reunião com jornalistas em Nova York, o diretor responsável por ratings soberanos da Standard & Poor's, Joydeep Mukherji, afirmou que a agência pode rebaixar a classificação de risco do Brasil ainda neste ano. O mercado acabou reagindo, reduzindo as perdas do dólar ante o real. Mais tarde, à Reuters, Mukherji reforçou que a agência não está sinalizando a perda do grau de investimento brasileiro e afirmou que não está impondo prazos para tomar decisões sobre a classificação do país. "Não estamos sinalizando a saída do grau de investimento", afirmou ele. "As coisas que estamos observando são tendências e têm sido aparentes há algum tempo. Esse não é um evento súbito". Na primeira parte do pregão, o dólar registrou quedas expressivas, reagindo à expectativa de que a redução do estímulo norte-americano continuará ocorrendo de forma gradual após a confirmação, na noite passada, de Janet Yellen para comandar o Federal Reserve, banco central norte-americano. "A confirmação da Janet Yellen para o Fed deixou o pessoal aliviado com relação à continuidade do estímulo nos EUA", explicou o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. Em dezembro, o Fed anunciou o início da redução do estímulo com corte de apenas 10 bilhões de dólares, para 75 bilhões de dólares ao mês, reduzindo a oferta global de liquidez. O mercado avalia que Yellen favorece a postura mais expansionista, alimentando expectativas de que a redução continuará ocorrendo por meio de cortes leves. "Mas os investidores continuarão apostando sobre o ritmo de redução do programa, trazendo volatilidade. Esse movimento de hoje provavelmente é mais um ajuste de posições", acrescentou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. Também ajudou a constante intervenção do Banco Central brasileiro no câmbio. Nesta manhã, deu continuidade às atuações diárias vendendo a oferta total de 4 mil contratos de swap cambial tradicional --equivalentes a venda futura de dólares-- com vencimento em 2 de maio de 2014. A operação teve volume financeiro equivalente a 199,2 milhões de dólares. A depreciação do dólar também foi influenciada pela expectativa de entrada de divisas na economia brasileira, após a Petrobras realizar emissão de 3,05 bilhões de euros e uma de 600 milhões de libras. (Reportagem adicional de Luciana Lopez, em Nova York)