Duas facções que dominavam favela dificultavam operações

Sob controle do CV e o TCP, região era considerada pela polícia carioca como 'peculiar'

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RIO - O Complexo da Maré, conjunto de favelas na zona Norte do Rio de Janeiro alvo de ocupação das forças de segurança neste domingo, era considerado "peculiar" pelas autoridades por estar sob a influência de duas facções criminosas, o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP), mais duas milícias. Por essas características, a Maré não foi incluída no roteiro das primeiras ocupações e implementações das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

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"Nós estávamos deixando mais para frente porque não é um trabalho trivial", afirmou o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. "Tem a sua peculiaridade, mas nós temos um trabalho muito integrado, e isso facilita", disse em coletiva nesta manhã.

O conjunto de favelas da Maré está em uma área estratégica, próximo à Linha Vermelha, à Linha Amarela, à Avenida Brasil e ao Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão). Segundo Beltrame, tem mais de 130 mil moradores e é maior do que os complexos da Penha e do Alemão juntos (ambos já pacificados). "É uma cidade dentro de uma cidade."

Segundo o último balanço divulgado, 118 pessoas foram presas (durante a coletiva, mais uma prisão foi informada às autoridades e contabilizada). Entre os detidos estão três pessoas ligadas ao chefe do tráfico na Maré, Marcelo Santos das Dores, o Menor P. Uma delas, Daiane Rodrigues, é namorada do Menor P., para quem já havia mandado expedido. Ela foi presa em uma operação paralela da Polícia Federal (PF). Segundo o superintendente da PF no Rio de Janeiro, delegado Roberto Cordeiro, o cumprimento do mandado só foi possível "devido à ocupação do território".

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Mandado coletivo. Beltrame ainda esclareceu que o mandado coletivo expedido para a operação não significa que as forças de segurança farão uma varredura nas casas de todos os moradores. Segundo ele, as equipes de inteligência identificaram regiões onde podem estar escondidas pessoas procuradas pela Justiça, além de drogas. "Às vezes não é possível identificar o ponto exato, uma casa em específico, mas sabemos que é naquela rua", explicou o secretário.

O secretário de Segurança Pública ainda afirmou, sobre os recentes ataques às UPPs, que os serviços de inteligência trabalham para identificar e prender quem está por trás desses crimes. "(A UPP) Tirou dois milhões de pessoas de um império do fuzil. Nós temos de ir para cima dessas pessoas (que atacam as UPPs)", afirmou Beltrame.

Também participaram da coletiva o coronel do Corpo de Bombeiros Marcio de Souza Magalhães, o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, o comandante-geral da Polícia Militar, Luis Catros, o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), José Lima, o capitão da Marinha Ricardo Pilar, o secretário de Estado de Assistência Social, Pedro Fernandes, e o promotor do Ministério Público (MP) Paulo Roberto Cunha.