Economia terá R$ 140 bi para o Natal

Valor é 20% superior ao de 2008 e refere-se ao pagamento do 13º salário e maior oferta de crédito no mercado

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Foto do author Márcia De Chiara

O comércio se prepara para um Natal gordo depois de passada a crise. Pelo menos R$ 140 bilhões, quase 20% a mais que no ano passado, deverão ser despejados na economia até dezembro com o pagamento do 13º salário e a maior oferta de crédito ao consumidor. De olho nessa bolada, as lojas já ampliaram em até 20% as encomendas de eletrodomésticos, eletrônicos e itens de informática.Para atender a demanda crescente, as indústrias da Zona Franca Manaus (AM), o principal polo de produção de bens duráveis do País, vão contratar cerca de 3 mil trabalhadores temporários neste fim de ano. "No ano passado, não tivemos contratações de temporários para o Natal, mas 7 mil demissões de trabalhadores efetivos nesta época", afirma o presidente do Centro das Indústrias do Estados do Amazonas, Maurício Loureiro. Com a crise de crédito que estourou em setembro, o cenário no fim do ano passado era exatamente o inverso do atual, com demissões na indústria e reduções nas encomendas do varejo, lembra Loureiro. "Naquela época tinha muitas nuvens negras no horizonte. O que se vê agora é uma economia em crescimento, com o emprego sendo retomado e a inadimplência se reduzindo", afirma o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças , Contabilidade e Administração (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.Entre os indicadores que mostram essa reversão estão as taxas de juro ao consumidor, que fecharam agosto em 7,08% ao mês, em média, a menor em 14 anos. Também os prazos máximos para compra de carros e outros bens hoje se equiparam ou até superam os de agosto do ano passado, segundo pesquisa da Anefac. E a massa real de rendimento dos ocupados continua a crescer, porém num ritmo menor que em 2008. Com esse cenário favorável, Ribeiro de Oliveira calcula que a oferta de crédito ao consumidor em dezembro atinja R$ 65 bilhões contra R$ 50 bilhões no mesmo mês do ano passado.Estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que o pagamento do 13º salário deve injetar R$ 75,8 bilhões na economia até dezembro. "Nossa projeção é conservadora", diz o presidente do Ipea, Marcio Pochmann. Ele argumenta que os cálculos incluem 60,5 milhões de assalariados e 15,3 milhões de aposentados e pensionistas da Previdência. Pela dificuldade de obter dados, ficaram fora da estimativa os trabalhadores informais que recebem 13º.A perspectiva de ter mais dinheiro no bolso e o menor risco de desemprego mudaram o humor do brasileiro. O Índice de Confiança do Consumidor apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) atingiu 111 pontos em agosto e praticamente voltou ao nível pré-crise. "A confiança do consumidor está se recuperando e o Natal deste ano será tão bom ou melhor que o de 2008. O Natal vai coroar a recuperação da indústria iniciada no segundo trimestre", afirma o coordenador das sondagens do consumidor e da indústria da FGV, Aloisio Campelo.Ele sustenta essa previsão com números. Um recorte especial da sondagem industrial da FGV feita a pedido do Estado mostra que a demanda prevista entre agosto e outubro pelas indústria de eletrônicos, eletrodomésticos e calçados já supera a do mesmo período de 2008. O grande destaque é para os eletrônicos, que incluem as TVs. De acordo com a sondagem, 95% dessas indústrias preveem uma demanda maior por seus produtos entre agosto e outubro deste ano, enquanto só 48% delas traçavam esse cenário para o mesmo período de 2008.CENÁRIO POSITIVOO comércio confirma a previsão favorável da indústria. "Vamos ter o melhor Natal desde 1995, quando chegamos ao Brasil", prevê Marcelo Viena, vice-presidente comercial do Wal-Mart. Para a linha de vídeo e informática, o volume de pedidos para o Natal deste ano é entre 20% e 25% maior na comparação com 2008. Nos eletrodomésticos , como geladeiras, fogões e máquinas de lavar, o acréscimo foi de 10% a 15%.As Lojas Colombo ampliaram em 20% os pedidos de eletrodomésticos , enquanto em informática o acréscimo foi de 20% e nas TVs, variou entre 30% e 40%. Gladimir Somacal, diretor de compras da rede, diz que a dificuldade é a indústria atender os pedidos, em especial no caso de TVs de LCD. As Casas Bahia confirmam a dificuldade de formar estoques. A empresa trabalha com a projeção de ampliar em 20% as compras de produtos para o Natal se tiver produtos disponíveis na indústria.

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