Observadores africanos declararam neste sábado, 29, que haviam descoberto eleitores fraudulentos nas listas eleitorais do Zimbábue, que conteria mais de 8 mil pessoas, aparentemente, inexistentes. Os centros de votação fecharam por volta das 19 horas (14 horas de Brasília), para início da apuração dos votos. Veja também: Eleitores no Zimbábue votam em busca de mudanças Robert Mugabe, ditador do Zimbábue há quase 30 anos Marwick Khumalo, chefe do parlamento Pan-africano, disse que em uma sessão eleitoral em Harare, "chamou atenção ao fato de que, dos 24.678 eleitores registrados, mais de 8.450 foram computadas na área 081083... Que é uma terra deserta com dispersas barracas de madeira". Em uma carta à Comissão Eleitoral Zimbabuano (ZEC, na sigla em inglês) vista por jornalistas, Khumalo disse que mais 70 pessoas foram registradas em outro território vazio no mesmo local. "Levando em conta que houve muitas reclamações dos partidos políticos da oposição, em relação ao fato de a ZEC ter impresso cerca de 50% a mais de cédulas que o real número de eleitores registrados, a missão gostaria de solicitar à ZEC esclareça isto o mais rápido possível", afirma ele. Funcionários da ZEC não foram encontrados para comentar o assunto. Tendai Biti, secretário-geral do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), principal partido de oposição, disse que o partido também encontrou "eleitores fantasmas", em uma área de Harare. Bitti já acusou o partido União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (Zanu-PF), do presidente Robert Magube, de planejar fraudes sistemáticas para mantê-lo no poder, incluindo votos múltiplos de seus seguidores. Magube negou que as eleições teriam fraudes. Foi a primeira vez na história do Zimbábue que houve eleições simultâneas nos três diferentes níveis do poder, o que está atrasando o processo de votação. Mas, segundo as autoridades eleitorais, apesar do fechamento dos centros de votação, ainda podem votar as pessoas que estiverem nas filas. Alguns incidentes A jornada se desenvolveu com incidentes isolados e um processo lento de votação, entre outras razões, em função dos muitos votos que precisavam ser feitos. A Rede de Apoio Eleitoral do Zimbábue (ZESN), uma coalizão de ONGs, disse que tinha recebido relatórios de vários incidentes durante o dia, incluindo atos de violência e intimidação. A instituição citou um tiroteio na população de Insiza após uma discussão entre militantes da oposição e do governo. Uma pessoa que se encontrava no local morreu ao ser atingida por um veículo da oposição que tentava escapar dos tiros dados por partidários do governo. A casa de uma candidata do partido governante para o Parlamento, Judith Nkwanda, também sofreu um atentado, com dois coquetéis motolov lançados por desconhecidos, que no entanto não gerou vítimas. A organização citou atos de intimidação de partidários do governo que diziam aos eleitores em quem votar; além disso, muitas pessoas não puderam emitir seu voto por não constarem no censo eleitoral ou erros nos documentos de identificação.