Eleitores do Zimbábue escolhem novo presidente

Terminou a votação no país, onde Robert Mugabe enfrenta desafio da oposição.

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Por Da BBC Brasil
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Terminou a votação no Zimbábue, que realizou neste sábado um pleito que está sendo considerado o maior desafio para o presidente do país, Robert Mugabe, desde que ele chegou ao poder, após a independência da Grã-Bretanha, em 1980. Mugabe, do partido Zanu-PF, concorre a um sexto mandato e tem como principais adversários nas urnas o ex-ministro da Fazenda de seu governo, Simba Makoni, que se lança como independente, e Morgan Tsvangirai, do Movimento para Mudança Democrática (MDC, em inglês). O correspondente da BBC no sul da África Peter Biles disse que Mugabe e seu partido Zanu-PF estão confiantes em receber os votos dos eleitores na zona rural, enquanto o MDC é mais forte nas cidades. Segundo Biles, nos últimos dias se tornou cada vez mais difícil prever o resultado do pleito. Resultados preliminares devem ser divulgados na segunda-feira. O vencedor precisa obter mais de 50% dos votos para evitar um segundo turno em três semanas. A oposição disse que teme que a votação seja fraudada pelo presidente Mugabe. O governo insiste que as eleições serão livres e justas e que o resultado será aceito. "Nós não falsificamos eleições", disse Mugabe ao votar em Harare. Na quinta-feira, Tsvangirai e Makoni expressaram conjuntamente preocupação com o pleito, afirmando que ainda não haviam recebido uma lista nacional completa de eleitores que pudesse ser verificada e suspeitavam que poderia haver milhares de "eleitores fantasmas". Há relatos de que observadores do Parlamento Pan-africano teriam escrito à comissão eleitoral, dizendo que 8,450 eleitores foram registrados em uma área deserta de Harare. Mas uma observador da União Africana, Yvonne Khamati, disse à TV do Quênia: "Tudo parece normal e as pessoas estão saindo para votar. Não sinal de militares ou policiais." 'Decepcionada' As filas nos postos de votação se formaram bem cedo neste sábado, mas muitos eleitores reclamaram que não tiveram permissão para votar. As autoridades alegavam que os nomes não estavam registrados ou que eles estavam tentando votar no local errado. Um morador da Grã-Bretanha disse que sua irmã estava "decepcionada e aflita" por não ter conseguido votar apesar "de o nome dela estar registrado há duas semanas." Mas outros eleitores disseram que a votação parecia justa e eficiente. "Há uma fila enorme atrás de mim, mas está caminhando. As pessoas estão calmas e esperando pacientemente para votar", disse Sandra, de Bulawayo, à BBC. Na capital, Harare, levou vários minutos para que cada pessoa votasse pois quatro cédulas separadas tinham de ser preenchidas para os diversos níveis da eleição. Cerca de 5,9 milhões de pessoas estavam cadastradas para votar nas eleições gerais. O Exército e a polícia estão em estado de alerta em meio a temores de violência. A atmosfera nas secções eleitorais foi considerada pacífica mas, na madrugada, uma candidata do partido do governo (Zanu-PF) ao Parlamento, Mary Nsingo, ficou ferida quando uma bomba caseira foi atirada para dentro de sua casa em Bulawayo, a segunda maior cidade do país. Maior inflação Muitos eleitores foram a pé para as secções eleitorais. A escassez de combustível e a dificuldade de encontrar transporte são indícios do estado precário da economia do país. O Zimbábue tem hoje o índice de inflação mais alto do mundo - mais de 100 mil por cento - e estima-se que só um em cada cinco adultos tenha um emprego regular. Mugabe culpa um suposto complô de países do Ocidente pelos problemas econômicos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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