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Em carta a Ortega, Farc descartam negociar com Uribe

Grupo colombiano pede a líder da Nicarágua reunião para falar de 'guerra e paz'.

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Por Claudia Jardim

Em uma carta enviada ao presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, o grupo rebelde Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) disse que rejeita negociar um acordo de paz com o governo colombiano enquanto Álvaro Uribe estiver no poder. O conteúdo da carta foi divulgado nesta terça-feira pelo canal de TV Telesul. O documento, datado de 26 de junho, é assinado pelo Secretariado das Farc. "Sempre entendemos a concretização de um acordo para o intercâmbio humanitário (troca de reféns por guerrilheiros presos) como um passo inicial para a geração de um ambiente propício para falar de paz", diz o texto. "Mas se tem demonstrado à saciedade que Uribe não está programado pelos gringos nem para o intercâmbio, nem para a paz", afirma o documento. Na carta, as Farc também pedem uma reunião com Ortega ou com um representante de seu governo para negociar temas de "guerra e paz". "Sobre esses assuntos da guerra e da paz, desejamos falar pessoalmente com o senhor ou com o seu delegado", diz o texto. Resgate Essa carta contradiz um comunicado divulgado há uma semana. Naquele documento, também datado de junho e assinado pelo Secretariado das Farc, o grupo dizia que aceitava estabelecer um diálogo com o governo colombiano para negociar um acordo que permita a libertação de reféns em troca de guerrilheiros presos. Há duas semanas, as Farc sofreram um duro golpe, depois que o Exército colombiano resgatou a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt e outros 14 reféns do grupo mantidos em cativeiro na selva havia anos. "Somente um governo verdadeiramente democrático, que surja de um grande acordo nacional, poderia retomar o caminho para a busca de uma solução política ao conflito social e armado que vive a Colômbia", diz a nova carta. Chávez Ao longo do texto, as Farc agradecem a "solidariedade" prestada por Ortega após a morte de seu líder fundador, Manuel Marulanda, e o assassinato de Raúl Reyes, o número 2 da guerrilha, morto em 1º de março depois de um ataque do Exército da Colômbia a um acampamento do grupo no Equador. O envio da carta e o pedido de reunião com Ortega ocorrem depois do distanciamento do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que era visto como o principal interlocutor das Farc na região. No mês passado, Chávez pediu que as Farc encerrassem a luta armada iniciada há mais de 40 anos e libertassem todos os reféns em seu poder. Na carta enviada a Ortega, as Farc reivindicam o direito de manter a luta armada. "Nosso levantamento armado está tutelado pelo direito universal e plenamente justificado como resposta legítima à violência do Estado", afirma o texto. "Enquanto forem mantidas as causas econômicas, políticas e sociais que (a) geraram, a luta armada nunca perderá vigência", diz a carta. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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