O presidente Luis Inácio Lula da Silva defendeu, em entrevista exclusiva a um jornal japonês, que o Brasil e outros países emergentes definam metas para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa. Lula disse que os emergentes deveriam se juntar aos esforços dos países ricos para "definir metas para redução dos gases que causam o efeito estufa". As metas deveriam ser estabelecidas, explicou, de acordo com as emissões de gases de cada país. Lula não especificou as metas que caberiam ao Brasil particularmente, mas disse que o mundo precisa reduzir de 60% a 80% as emissões até 2050. O presidente brasileiro fez a afirmação ao comentar o mecanismo que deverá substituir o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. A entrevista foi concedida ao jornal Yomiuri Shimbun, às vésperas da reunião do G8, que começa segunda-feira no Japão. Lula participará de encontro entre líderes do G8 e de países convidados que será realizado paralelamente à reunião de cúpula do G8 em Toyako, na região norte do Japão. O Japão, como anfitrião da cúpula do G8, já anunciou que defenderá na reunião uma abordagem setorial, na qual as metas de redução dos gases sejam definidas não por países individuais e sim por diferentes setores de atividade econômica de cada país. Cada qual se esforçaria ao máximo para aprimorar a eficiência do uso de energia e de recursos nos campos individuais - siderurgia, por exemplo. Este sistema, que livraria cada nação de estabelecer metas específicas por país, é criticado, entre outros, pelo presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Rajendra Pachauri. Em entrevista ao jornal japonês The Japan Times, ele afirmou que "o Japão não deveria temer o custo de restringir as emissões de gás carbônico ou as conseqüências que isso possa vir a ter para os grandes conglomerados industriais japoneses". Entrevista O jornal Yomiuri Shimbun, de linha conservadora, é o mais lido dos jornais japoneses, com circulação aproximada superior a 10 milhões de exemplares diários. Na entrevista, Lula ainda defendeu o uso de biocombustíveis e a necessidade de mais estudos para comprovar se os biocombustíveis são benéficos ou prejudiciais ao meio ambiente. O presidente manifestou intenção de realizar futuramente uma ampla discussão sobre este tema com a presença dos chefes de governo e de Estado, de especialistas e de representantes dos vários setores industriais. Além disso, ele disse ser "inaceitável" que as altas nos preços dos alimentos façam sofrer principalmente as camadas menos favorecidas da população de várias nações e disse que a reunião do G8 tem a obrigação de discutir e encontrar uma solução para o problema. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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