Enfim, Silverstone!

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Por REGINALDO LEME
Atualização:

A semana veio com uma boa notícia para quem faz cobertura da Fórmula-1. Silverstone está de volta, aliás, ao lugar de onde nunca deveria ter sido tirado. Tem coisas, lugares, pessoas que são essenciais. Silverstone, por exemplo, para a F-1. Localizado entre fazendas de gado e três vilarejos de meia dúzia de ruas - Abthorpe, Towcester e a própria Silverstone - o autódromo viu nascer o Campeonato Mundial num dia 13 de maio de 1950. A precariedade de instalações de alguns anos atrás já não é bem assim, embora, em nome da tradição, muita coisa seja mantida próxima do original. Silverstone ainda tem caminhos internos de terra e grama que, obviamente, viram barro quando chove (e como chove!), mas do velho circuito que abrigou a F-1 até os anos 80 resta muito pouco. A entrada, imponente, dá a ideia do grande centro do esporte a motor que foi erguido ali. Três rodovias simples se tornaram auto-estradas nos últimos dez anos - na denominação inglesa passaram de A (autoroute) para M (motorway). O acesso se tornou bem mais fácil, embora ainda haja filas em dias de GP. Para passar longe dessas filas, é preciso fazer os velhos caminhos apertados cortando fazendas, que eu já fazia nos anos 70. Um segredo que só conhece quem frequenta Silverstone há muito tempo. As acomodações ainda não são lá uma maravilha. Muita gente se hospeda em casas de família ou pequenos hotéis numa área de 30 quilômetros. Em Northampton, a maior cidade deste condado de Northamptonshire, há grandes redes de hotéis, mas os 50 quilômetros de estradas congestionadas são de enlouquecer. O lugar onde tenho ficado nos últimos anos é o melhor da região - um velho casarão transformado em hotel-spa, vizinho de fundo do autódromo. No dia da corrida, logo cedo, pessoas passam ao lado da janela do quarto caminhando em direção ao autódromo. É isso mesmo, pode se chegar a pé, mas é uma caminhada e tanto. E como todos os pilotos se hospedam lá, os fãs fazem plantão na porta de entrada. O que há de melhor é que a região toda transpira a história do automobilismo. Há antiquários com peças ligadas a equipes que já não existem, lojas que vendem pinturas espetaculares (eu já comprei quatro). E, pelo pequeno número de restaurantes, as pessoas acabam se encontrando com frequência, por exemplo, no Rice Bowl, um chinês da maior simplicidade em Towcester, mas de comida e ambiente bem agradáveis (pena, a cerveja é quente). Este ano é especial para Silverstone. Primeiro, por ter conseguido um contrato que agora é de 17 anos com a F-1. Depois, porque nos anos em que a Inglaterra tem piloto de ponta o GP ganha contornos especiais.Foi assim nos anos de Nigel Mansell, de Damon Hill, e agora os ingleses vão se dividir na torcida por dois companheiros de equipe na McLaren - os dois últimos campeões do mundo, Lewis Hamilton e Jenson Button. Quem será o mais querido dos dois ? E até julho, mês do GP, se a McLaren tiver um carro vencedor, os dois já podem estar vivendo uma grande rivalidade. A McLaren aposta que, desta vez, saberá administrar os egos de Hamilton e Button. Será ? Se há uma equipe que teve lições para tirar dessa briga de egos é a McLaren. Da primeira dupla explosiva - Senna e Prost - no final dos anos 80, ela não aproveitou bem as lições. Tanto que quase 20 anos depois, caiu na armadilha de outra dupla explosiva, Hamilton e Alonso. E olha que o Alonso era um bicampeão mundial e Hamilton, um estreante.Mas um estreante inglês, enraizado na McLaren desde os 11 anos de idade. Agora a equipe terá dois ídolos ingleses. Hamilton, do tipo que quer tudo para ele, exigente ao máximo. Button, o bom sujeito, pacato, da paz. Mas tudo tem limite, né ?

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