Acusado de envolvimento em recente sequestro de duas pessoas em Santa Catarina, o foragido Rafael Borba, de 33 anos, gravou um vídeo no qual ensina o filho e a sobrinha, de 4 e 3 anos, respectivamente, a roubar e a agredir. Ele é procurado no Paraná por homicídio. O material foi encontrado na casa da cunhada dele, Christiane Stem, 32 anos, autora da filmagem.
"No computador, encontramos a pasta 'B. dando de bandida'. Ao abri-la, encontramos o vídeo", afirmou o delegado Renato Hendges, titular da delegacia de Antissequestro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais. "Em 43 anos de serviço, nunca vi coisa igual. É repugnante". B é a inicial do nome da menina. O delegado afirmou que, agora, as duas crianças estão com o avô materno.
A apreensão ocorreu na quarta-feira, 3. Nesse dia, a polícia invadiu as casas da família Stem no bairro da Armação, no município da Penha, litoral catarinense. Foram detidas Sulimar Evaristo Stem, de 55 anos, e as suas filhas, Christiane e Viviane. A Justiça decretou a prisão temporária delas por 30 dias. O trio é acusado de planejar o sequestro da professora Benta Pivatto, de 43 anos, e do filho dela, Igor Pivatto, de 3 anos.
Mãe e filho foram sequestrados num hotel em Penha, na segunda, 1º. Cerca de 30 horas depois, os criminosos os libertaram na zona norte da capital paulista. O resgate de R$ 57 mil foi pago em Curitiba, no Paraná. Segundo Hendges, 12 pessoas participaram da ação. Borba, que é companheiro de Viviane, e mais quatro homens efetuaram a captura e o transporte das vítimas até São Paulo. Dois casais ficaram encarregados de monitorá-las no cativeiro.
Há duas linhas de investigação. Hendges contou que Viviane acionou o resto do bando após ver no hotel, onde atuava como camareira havia dois anos, o cartão do marido da professora. Para o delegado, ela teria pensado que o hóspede, funcionário de um estaleiro, fosse rico.
Já o titular da delegacia da Penha, Francisco Prantes dos Anjos, avalia a possibilidade do bando ter agido com base na arrecadação de R$ 200 mil prevista para a Festa do Divino Espírito Santo que ocorria na cidade no dia do sequestro. Isso porque a família sequestrada participava da organização do evento. O valor de R$ 200 mil foi exigido inicialmente pelos criminosos.