O epidemiologista Paulo Sabroza, da Comissão Nacional de Combate à Dengue, admitiu que fracassou a campanha do Ministério da Saúde deste ano, que enfatiza que o combate à dengue é dever do cidadão: "Achamos ingenuamente que ações individuais seriam suficientes e abandonamos as ações estratégicas de Estado", lamentou ele, após participar de encontro com jornalistas e pesquisadores especialistas em dengue, nesta terça-feira, 25, à tarde, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Veja Também: Especial - A ameaça da dengue Rio já tem mais casos de dengue este ano que em 2007 Para Fiocruz, falta informação sobre dengue em crianças Reforço antidengue no RJ inicia ação semana que vem Cariocas terão cartão para acompanhar evolução da dengue Temporão critica 'saúde precária' da Prefeitura do Rio Para infectologista, SP corre risco de epidemia de dengue Para governo, dengue cresce no Rio por falta de agentes Dengue atinge status de epidemia no Rio A comissão de dengue reúne pesquisadores de diversas instituições para elaborar e formular as estratégias de combate à doença que serão implementadas pelo Ministério da Saúde. "Há um número inusitado de mortes porque eu acredito que subestimamos o número de formas graves. A cartilha do Ministério é muito detalhada, mas tem poucas informações sobre como diagnosticar e tratar os casos em crianças", reconheceu o epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Sabroza, que é membro da Comissão de Combate à Dengue do Ministério da Saúde. "Os sinais de alarme e padrões laboratoriais são diferentes em crianças e isso é pouco estudado", afirmou. Segundo ele, a rede não está preparada para atender crianças e o alto índice de letalidade em decorrência de complicações da dengue expôs furos em diversos pontos do sistema. O material educativo da campanha do governo federal tem como slogan a frase: "Combater a dengue é um dever meu, seu e de todos". O foco é nas ações individuais que podem ser feitas para reduzir o risco de transmissão da doença. "O problema é que não adianta deixar sua casa livre de focos se o vizinho não faz o mesmo", ponderou Sabroza. Segundo ele, uma das razões para a epidemia fluminense é que no Rio existe um grande número de imóveis fechados, que se transformam em focos da doença. Apenas esse ano foi criada uma lei estadual que permite que os agentes comunitários de saúde entrem nas casas abandonadas.