Pelo segundo dia consecutivo foram retomadas as buscas do corpo da menina inglesa Madeleine McCann na represa do rio Arade, no Algarve, 313 dias depois do desaparecimento dela. As buscas foram organizadas pelo advogado português Marcos Aragão Correia, que tomou a iniciativa por considerar que a Polícia Judiciária de Portugal teria ignorado a denúncia sobre a localização do corpo da menina. "Eu recebi a denúncia em setembro do ano passado e encaminhei para a Polícia Judiciária, mas nunca fui contactado", disse o advogado à BBC Brasil. Segundo as informações de uma testemunha, o corpo teria sido atirado nas águas da barragem no dia 6 de maio, dois dias depois de Madeleine ter desaparecido do hotel em que estava hospedada com os pais, na região do Algarve, em Portugal. Correia diz que só revela o nome da testemunha depois de encontrar o corpo. "Inicialmente eu também tive dúvidas, mas depois as indicações fizeram com que eu acreditasse nessa pessoa", diz Correia, que é da Ilha da Madeira. É a segunda vez que Correia financia mergulhadores para procurar na barragem. "Em dezembro foram quatro dias de buscas, mas depois o dinheiro acabou. Agora consegui um patrocínio de uma empresa de construção, a Sociedade Portuguesa de Engenharia e Construções, que vai dar metade do valor". Ele prevê que esta segunda campanha de buscas leve cinco dias, um a mais do que em dezembro. No final do ano passado, ele desembolsou 5.000 euros (cerca de R$ 13.000) para os mergulhos. "Desta vez deve custar um pouco mais, porque são mais mergulhadores". Correia conta que a maior dificuldade dos mergulhadores é enxergar, já que as águas da barragem são turvas. "Não dá para acender uma luz, porque a água reflete. É tudo feito por apalpação". Antes das buscas, os mergulhadores avaliaram onde seria mais provável encontrar o corpo. "No ano passado fizemos as buscas a 7 metros, neste momento estamos indo até os 20 metros de profundidade". Na segunda-feira os mergulhadores encontraram um pé de meia de menina com 17 centímetros de comprimento e 17 centímetros de cano e uma corda, feita de barbantes de persiana amarrados. "Foi numa região onde não é despejado lixo, não haveria nenhuma razão para isso estar naquele local", diz Correia. Se o corpo for encontrado, significaria que a principal teoria seguida pela polícia - a do envolvimento dos pais no desaparecimento de Madeleine - estaria errada. "Fortalece a tese de rapto e não a da culpa dos pais. Rapto, seguido de violação e assassinato". Na sexta-feira, foi encontrado o corpo da menina espanhola Mari Luz, que desapareceu em janeiro em Huelva, na Espanha, a apenas 180 km do local onde Madeleine desapareceu. O corpo de Mari Luz tinha sido jogado num rio e quando foi encontrado, em avançado estado de decomposição, havia sinais de que ela teria levado uma pancada na cabeça. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.