Vinte anos, seis meses e 19 dias depois, sete jurados condenaram 23 policiais militares que participaram do massacre do Carandiru a uma pena de 156 anos de prisão - 12 anos para cada homicídio. A acusação: terem assassinado no segundo pavimento do Pavilhão 9 da antiga Casa de Detenção 13 dos 111 detentos que morreram durante a invasão da Polícia Militar. A sentença foi promulgada pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão por volta da 1h15 de hoje. Os jurados tiveram de responder a quatro quesitos elaborados pelo juiz para chegarem à condenação. A questão principal era se o réu havia concorrido para a prática dos homicídios, considerando que eles agiram de forma coletiva. Outro quesito questionava se o réu fora atacado e provocado a reagir. Cada um desses quesitos foi relacionado a cada um dos acusados e vítimas. Ao todo, considerando o total de réus e de vítimas na cena do massacre, foram respondidas 1.526 questões. Após a leitura da sentença, a advogada de defesa Ieda Ribeiro de Souza afirmou ter visto com "muita frustração" a decisão, que foi definida por um voto: o "placar", segundo ela, foi de 4 a 3. A advogada já ingressou com recurso contra a decisão. Ela também disse acreditar em uma possível anulação. Já os promotores disseram que a preocupação deles era fazer a população entender que a "vida do ser humano não é descartável." Marcio Friggi disse ainda que a PM é uma instituição "gloriosa". "A conduta criminosa desses policiais militares mereceu resposta, o que não denigre a imagem da PM."