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Haicai, três linhas de poesia

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Atualização:

A capa do Estadinho desta semana é sobre haicais, os poemas japoneses escritos em três linhas, três versos. Para ler a matéria completa, clique nas páginas abaixo. Depois, siga a leitura com a entrevista do escritor Rodolfo Guttilla, conheça um concurso de haicais e veja que legal é o haiga, técnica simples de poesia feita com fotografias.

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 Foto: Estadão

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O pesquisador e escritor de haicais, Rodolfo Guttilla, acaba de lançar um livro com 12 poemas japoneses. Em Uno ano inteiro passa ligeiro, são três haicais para cada estação do ano: primavera, verão, outono e inverno. Rodolfo já escreveu vários livros, mas só este especialemte para crianças. Apesar de que, para ele, o haicai não tem idade. Vamos saber que história é essa e um pouco mais? Leia a entrevista abaixo.

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Rodolfo, todo haicai pode ser lido por crianças e adultos? Sim. Na maioria das vezes, o haicai é um poema que toca tanto crianças quanto adultos. O segredo dele é a simplicidade, o fato de procurar falar com todas as pessoas de um único jeito. E ser curto e muitas vezes ter rimas faz com que seja um caminho fácil para quem quer entrar no universo da poesia. Mas pode ter palavras difíceis também. E daí, a criança tem de pesquisar o significado daquilo.

Quando você se interessou por haicai? Eu tinha 12 anos quando comecei a ler haicais. Meu pai adorava as obras do Guilherme de Almeida, mas eram poesias enormes e eu achava aquilo um pouco chato. No entanto, um dia eu encontrei a obra completa e vi ali no meio alguns haicais que ele tinha feito. Me identifiquei na hora por aquele jeito de fazer poesia. E as rimas eram muito sonoras. Passou um tempão até que, quando eu estava com 19 anos, encontrei mais haicais na obra do Paulo Leminski e da Alice Ruiz. E aí, em em 1986, comecei a fazer haicais por conta própria.

Você se lembra do primeiro haicai que escreveu? Claro. É assim: "Aplauso de morte O pernilongo Estava sem sorte"

Que livros você já escreveu? Participei de uma antologia com 100 hacaísta brasileiros. Depois, escrevei Uns & Outros Poemas e o Boa Companhia (que reúne traduções de vários poemas, tem até haicai do Monteiro Lobato e do Érico Veríssimo). E agora fiz o Um Ano Inteiro Passa Ligeiro.

E por que um livro de haicais só para crianças? Pensei em registrar a memória da criança que eu fui um dia e de todas as crianças que desafiam a linguagem e até a própria desconstrução da palavra. Como diria o Manoel de Barros, a criança é sempre muito palavrosa. E, na realidade, o livro pode ser lido por adultos também.

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E qual foi o último haicai que você fez? É um bem recente, foi durante um café da manhã. É assim: "A mesa posta Uma borboleta - Está servida?"

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Que dicas você dá para a criança que gostou deste tema e quer começar a escrever haicais? Olhar a natureza com humor, tentar enxergar a beleza na imperfeição e ler muito.

O que você quer dizer quando fala de enxergar beleza na imperfeição? Honrar a simplicidade, uma coisa muito comum na cultura oriental e que, para nós, funciona de um outro jeito. Por exemplo: quando começa a juntar musgo em volta da piscina, a primeira coisa que fazemos é removê-lo dali. Assim como quando o deck vai ficando velho, pintamos logo um verniz por cima, que é para ficar impermeável à sujeira, à água, à velhice. Os japonses fazem ao contrário. Eles aceitam o passar do tempo e as imperfeições, e respeitam muito mais aquilo justamente por ter uma história, um passado, um outro valor. Como dica, digo para olhar e ouvir a voz da natureza, reconhecer que somos parte dessa natureza e não algo que está além dela. Isso ajudo muito na vida como um todo e, principalmente, na hora de criar poesia.

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CONCURSO DE HAICAIS Gostou dessa história de haicai? Clique aqui e saiba, então, como funciona concurso infanto-juvenil de poema japonês. O tema do ano é prato típico, as inscrições vão até 8 de julho de 2011, e pode participar quem tem até 15 anos.

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HAIGAS E para ver mais haigas do Rogério Viana, como esse da foto abaixo, é só entrar aqui.

 Foto: Estadão
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