Uma investigação realizada pela rede de televisão americana CBS News revelou que os Estados Unidos estão vivendo uma epidemia de suicídios entre veteranos de guerra. A partir de números oficiais coletados em 45 dos 50 estados americanos, os jornalistas descobriram que 6256 pessoas que serviram as Forças Armadas se mataram apenas no ano de 2005, uma média de 17 por dia. O número pode ser comparado, por exemplo, ao de soldados americanos mortos no Iraque desde o início da invasão, em 2003: 3863, ou uma média de 2,4 por dia, segundo dados do website icasualties.org. As informações coletadas pela CBS News foram analisadas pelo especialista em estatística Steve Rathbun, da Universidade da Geórgia. Ele concluiu que os veteranos têm duas vezes mais chance de cometer suicídio que o resto da população americana (enquanto a taxa de suicídio entre os veteranos varia entre 18,7 e 20,8 a cada 100 mil pessoas, a taxa dos demais americanos é de 8,9 por 100 mil). O grupo que se destacou como o que mais comete suicídio entre os veteranos é formado pelos reservistas com idades entre 20 e 24 anos, aqueles que serviram durante a chamada "guerra contra o terror". Segundo as estimativas, esses veteranos têm entre duas e quatro vezes mais probabilidade de tirar a própria vida que os civis da mesma idade. Há 25 milhões de veteranos nos Estados Unidos, dos quais 1,6 milhão serviram no Afeganistão e no Iraque. Uma das famílias de reservistas ouvidas pela CBS News afirmou que não há interesse do governo americano em compilar dados sobre suicídio entre os ex-militares. "Eles não querem que o verdadeiro número de mortes seja conhecido", afirmou Kevin Lucey. O filho de Lucey, Jeff, se enforcou aos 23 anos de idade oito meses após voltar de Bagdá, onde ele patrulhava a perigosa estrada para o aeroporto. "Há uma crise acontecendo e as pessoas preferem fingir que não estão vendo", disse Lucey. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.