EUA cobram 'compromisso' de vizinhos da Colômbia

Condoleezza Rice discutirá papel do Brasil na crise das fronteiras em visita a Brasília.

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Por Bruno Accorsi
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A garantia de que novos incidentes não ocorrerão na fronteira entre a Colômbia e as nações que a cercam cabe tanto aos vizinhos colombianos quanto ao governo de Bogotá. É essa a opinião de Thomas Shannon, o subsecretário do Departamento de Estado americano para a América Latina. ''O grau de compromisso que os vizinhos da Colômbia demonstrarem em auxiliá-la a se proteger e a combater ameaças contra o seu Estado democrático será determinante para que a Colômbia não viole a fronteira de seus vizinhos'', afirmou Shannon em uma entrevista coletiva na sede do Departamento de Estado, em Washington, nesta terça-feira. No dia 1º de março, forças colombianas bombardearam um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em território equatoriano, matando Raúl Reyes, um dos comandantes da guerrilha. Tensão na fronteira O episódio levou o Equador a mobilizar forças militares em sua fronteira e a romper relações com a Colômbia. A Venezuela tomou ação semelhante e a Nicarágua também rompeu laços com o governo colombiano. De acordo com Shannon, por mais que alguns tenham ficado ''preocupados'' com a ação colombiana em território estrangeiro, existe um ''reconhecimento'' por parte das nações latino-americanas de que ''o fardo que isso não aconteça novamente cabe tanto aos vizinhos quanto à Colômbia''. A tensão na fronteira e o papel brasileiro para pôr fim à crise será um dos temas debatidos pela secretária de Estado Condoleezza Rice, que chega nesta quinta-feira a Brasília, onde irá se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chanceler Celso Amorim. Shannon disse que o Brasil e o Chile, os dois países no roteiro de Rice, ''tiveram papéis de grande importância'' para resolver a crise junto a instituições como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Grupo do Rio. Durante a reunião do Grupo do Rio, na República Dominicana, na semana passada, Equador, Venezuela e Nicarágua restabeleceram relações com a Colômbia. E o líder colombiano, Álvaro Uribe, deu garantias de que novas incursões militares além das fronteiras do país não voltariam a ocorrer. 'Perturbador' Shannon afirmou que o material encontrado nos computadores pertencentes aos guerrilheiros mortos durante a operação militar traz informações "perturbadoras" sobre a suposta ligação entre o grupo guerrilheiro e o governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez. De acordo com o governo colombiano, os computadores traziam provas de que Hugo Chávez financiou e armou a guerrilha colombiana, informação desmentida pelo governo da Venezuela. ''A informação que emergiu até o momento é preocupante e eu diria até perturbadora, porque parece indicar um nível de diálogo e discussão entre os membros do governo da Venezuela e das Farc que precisa ser explicado'', afirmou o subsecretário. Temas da viagem Um dos temas destacados por Shannon foi o de que as nações da região precisam ampliar sua cooperação e o diálogo para combater problemas comuns, como a ameaça do terrorismo e a segurança nas fronteiras. O tópico deverá ser discutido por Condoleezza Rice em sua viagem ao Brasil e ao Chile. Após passar por Brasília, na quinta-feira, Rice partirá para Salvador. Em sua estadia no país, Rice pretende discutir experiências que Brasil e Estados Unidos podem compartilhar para combater o racismo e a discriminação. Um dos propósitos da ida da secretária de Estado a Salvador é justamente observar de perto a realidade de uma cidade com forte herança africana e população predominantemente afro-brasileira. Na seqüência, ela partirá para a capital chilena, Santiago, onde se encontrará com a presidente Michelle Bachelet. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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