O ex-chefe do escritório brasileiro do Federal Bureau Investigation (FBI) Carlos Alberto Costa participa de audiência reservada no Senado para explicar aos parlamentares declarações publicadas na imprensa, em que comenta episódios de espionagem realizada por agentes secretos dos Estados Unidos junto aos serviços de inteligência do governo brasileiro. De acordo com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado, onde está sendo realizado o depoimento, o Congresso Nacional precisa conhecer quais foram os entendimentos do FBI e da polícia secreta norte-americana com o governo brasileiro, especialmente no que diz respeito "às informações de que policiais federais estariam recebendo pagamento em dólar para realização de missões no país, sem o conhecimento do Tribunal de Contas e do Congresso Nacional". Suplicy informou, segundo a Agência Brasil, que, a partir das informações de Carlos Alberto, os próximos a serem ouvidos na comissão serão o ministro da Justiça, Márcio Tomaz Bastos, o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Jorge Felix. No dia 24 de março deste ano, a revista "Carta Capital" publicou entrevista com Carlos Alberto Costa em que diz que agentes norte-americanos atuam de forma ostensiva no Brasil, cooptando policiais federais. Costa, que atuou por 22 anos no Brasil como agente, e quatro anos como chefe do escritório do FBI, informou que chegou a descumprir uma determinação americana de monitorar todas as mesquitas e líderes da comunidade muçulmana no Brasil. "Houve uma determinação de Washington para que eu monitorasse to das as mesquitas, aiatolás e líderes da comunidade muçulmana no Brasil e fizesse listas. Recusei-me, há ocasiões em que uma pessoa deve ser recusar a cumprir ordens inconstitucionais", diz ele na entrevista à Carta Capital. A reunião com Costa é reservada devido ao código de confidencialidade a que está obrigado pelo FBI. O senador Eduardo Suplicy informou que, em conversa com a embaixadora dos Estados Unidos, Donna Hrinak, ela confirmou que as agências de inteligência trabalham entre si. "Queremos saber então como isso é feito. Se é de interesse de defesa nacional e como isso é feito", disse.
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