Ex-empregada é a sexta a acusar empresária de agressão em GO

Elivânia contou à polícia que 'apanhava' todos os dias; para delegada, Silvia Calabresi é 'uma criminosa em série'

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Por Rubens Santos
2 min de leitura

Surgiu nesta segunda-feira, 24, a sexta vítima da empresária Silvia Calabresi Lima, acusada de torturar crianças em Goiânia. Trata-se de Elivânia Silva Ferreira, de 23 anos, que trabalhou na casa da empresária em 2002. Ainda portando cicatrizes e outros sinais de violência no corpo, ela prestou depoimento à Delegacia de Polícia em Iporá, cidade onde mora e já fez exame de corpo delito.   Veja também:   Empregada mantinha diário de tortura, relata menina Família sabia que empresária torturava menina de 12 anos   "Apanhava todo dia, sofri muito na mão dela", disse Elivânia. "Fugi cinco vezes porém, como era órfã, fui devolvida para a Silvia nas cinco vezes", relembra. "Aí é que eu apanhava mais". Ela disse que foi à Delegacia quando soube que a ex-patroa estava presa e com chances mínimas de sair, no momento: "Ela é muito vingativa", justificou.   A delegada Adriana Accorsi acredita que a empresária, presa na semana passada em flagrante por tortura e cárcere privado da menor L.R.S., é uma criminosa em série, que contou com o silêncio da família para perpetuar seus crimes: "A família nada fez para acabar com o ritual de torturas", disse a delegada, que pretende indiciar a mãe adotiva e o estudante de engenharia civil. "Mesmo ela (Maria de Lourdes) tendo 82 anos (inimputável pela Lei) a questão será com a Justiça", avaliou.   Um casal, vizinho da empresária que costumava visitá-los, se disseram surpreendidos pela descoberta dos casos de tortura. Duas outras meninas, cujos casos estavam computados sob responsabilidade de Silvia Calabresi porém, não haviam sido localizadas, prestaram depoimento nesta segunda-feira, 24, na DPCA.   A, de 10 anos e C, de 16 anos, e moradoras em Adelândia, a 100 quilômetros de Goiânia, confirmaram maus-tratos diários: "Ela (Silvia) me batia com a sandália, no rosto, na boca e feriu minha orelha", disse A. Outra menina, C., disse que a porção diária de violência foi inesquecível. "No começo pensei que era uma louca, depois percebi que as pancadas não cessariam, fugi de lá", disse.   Laudo do IML   Além de um quadro agudo de desnutrição, marcas e cicatrizes permanentes na língua, o resultado preliminar do exame de corpo delito da menina L.R.S., de 12 anos, confirma que a empresária Silvia Calabresi Lima submeteu a menor a sofrimentos variados e intensos com ferro de passar roupa, martelo, alicates.   As cicatrizes, deixadas pelo rastro de violência, têm detalhes e épocas estimadas que batem com os depoimentos de L.R.S. à polícia, segundo revelou para o Estado o patologista e diretor do Instituto Médico Legal (IML), Ademar Cândido de Souza.   Os principais ferimentos no corpo, que foram levantadas pelo patologista Décio Marinho, são lesões nas unhas da mão que, segundo L.R.S., surgiram após levar marteladas nos dedos; ferimentos na língua, com perda de substÂncia, causadas por cortes com alicate; queimadura nas nádegas e no tronco, que foram causadas com ferro elétrico, de acordo com a menor; lesões nos pulsos, provocadas por correntes que deixavam a garota suspensa; e fratura no dente.   Agora, o IML pretende divulgar, nos próximos 10 ou 15 dias, o resultado do exame: "Foi preciso tirar novas fotos digitalizadas para registrar os detalhes", disse o diretor. Hoje, pela manhã, LRS esteve no IML para uma sessão de fotos.   Família conivente   A mãe adotiva e o filho mais velho da empresária Silvia Calabresi Lima poderão ter suas prisões decretadas nesta terça-feira, 25, se recusarem comparecer à Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) para depor como testemunhas no caso de tortura da menina L.R.S., de 12 anos.   Maria de Lourdes e Tiago foram intimados pela delegada Adriana Accorsi, mas não compareceram, nesta segunda-feira, 24, à delegacia. Como o prazo de encerramento do inquérito policial expira na quarta-feira, a delegada avisou que pedirá a prisão temporária à Justiça. "Eles sabiam de tudo e, mesmo assim, jamais pegaram um telefone para ligar e denunciar", justificou a policial.