EXCLUSIVO-Investigação do FBI já atinge 17 empresas de hipotecas

A investigação criminal do FBI, a polícia federal norte-americana, sobre o sistema de crédito imobiliário nos Estados Unidos já atinge 17 empresas e pode levar vários anos, segundo autoridades da agência ouvidas na terça-feira pela Reuters. Até agora, sabia-se de envolvimento de 16 empresas nas investigações. "Os casos de fraude corporativa [envolvem] entidades bastante grandes", disse Neil Power, chefe da unidade de crimes econômicos do FBI. Ele não quis dizer se o FBI está analisando a quebra do banco Bear Stearns, comprado na semana passada pelo JP Morgan como medida de emergência. Mas afirmou que "o bom senso indicaria que olharíamos para algo tão grande". Centenas de agentes do FBI examinam questões como o processo de securitização de empréstimos em todas as suas fases, as informações privilegiadas e se as empresas divulgaram adequadamente o valor do seu patrimônio. Funcionários de todos os escalões, inclusive executivos, estão sendo investigadas. As fontes ouvidas disseram haver muitas brechas para fraudes no sistema imobiliário, que podem ser atribuídas à ganância dos administradores e a falsificações de documentos, que permitiam empréstimos a pessoas com renda abaixo da declarada. "O problema é que os bancos não estavam fazendo seu trabalho adequadamente", disse Power. O FBI revelou em janeiro que estava investigando 14 empresas do setor do crédito imobiliário, cuja crise repercute em todo o setor financeiro norte-americano e ameaça provocar uma recessão. Posteriormente, o FBI elevou para 16 o número de empresas investigadas. Power disse que o número ainda deve subir além das 17 empresas atualmente investigadas, mas afirmou que os inquéritos ainda estão em fase inicial. Entre as empresas envolvidas estão a Beazer Homes e a Doral Financial, que teve um ex-tesoureiro indiciado neste mês por fraude financeira. O executivo negou as acusações, e a empresa não quis comentar. A Countrywide, maior empresa de crédito imobiliário no país, também está sob investigação do FBI, segundo as autoridades.