Intermináveis filas em postos de abastecimento e a alta internacional do petróleo pressionam o governo da China a aumentar a oferta de combustíveis e a reajustar preços, mas não há previsão oficial de quando isso vai acontecer. A falta de combustíveis começou na região de Guangdong há uma semana e, desde então, já foram registradas longas filas em postos de gasolina nas cidades de Xangai e Chongqing e nas províncias de Jiangsu, Zhejiang, Fujian, Henan e Hubei, informou nesta segunda-feira o jornal South China Morning Post. Na China, os combustíveis são tabelados pela Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (CNRD), que decide o preço independentemente da cotação no mercado internacional, onde atualmente o barril de petróleo é negociado acima dos US$ 100. Com a política de preços fixos, as refinarias nacionais não podem repassar aos consumidores a elevação nos custos que têm com a alta do petróleo no mercado internacional. Sem opção de lucro, as empresas dependem dos subsídios estatais para poder se manter. Há cerca de uma semana, por exemplo, a petroleira Sinopec recebeu US$ 1,7 bilhão do governo como compensação pelas perdas resultantes da política de preços. A China reluta em aumentar os preços dos combustíveis, pois tem sofrido forte pressão inflacionária. Em fevereiro, o índice de preços ao consumidor teve aumento de 8,7%, o maior dos últimos 11 anos. Mas não se sabe por quanto tempo o governo conseguirá resistir à mão invisível do mercado. A demanda implícita por petróleo aumentou 6,2% em fevereiro, quase o dobro do crescimento de 3,3% registrado em janeiro. A média do ano passado foi de 3,5%, informou a agência de notícias estatal Xinhua. A mesma situação de disputa entre preços livres e tabelados foi vista em novembro do ano passado, quando pequenas refinarias pararam a produção pela falta de lucro, o que gerou caos em algumas cidades. Na época, a falta de combustíveis levou o governo a reajustar os preços em 8%, mas a maioria das pequenas refinarias não retomou a produção, deixando o mercado para as gigantes semi-estatais Sinopec, Petrochina e CNOOC, China National Offshore Oil Corporation. As causas da atual falta de combustíveis ainda não foram oficialmente anunciadas pelo governo em Pequim mas, segundo Yao Daming, diretor da Associação de Petróleo e Gás de Guangdong, a quebra de abastecimento desta vez teria sido causada por distribuidores que fizeram estoque, tentando se antecipar a uma alta nos preços. "Com o barril a US$ 100 na sexta-feira, caindo de US$ 110, eu espero ver a demanda aliviar nesta semana", disse Yao ao South China Morning Post. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.