Pelo menos seis pessoas morreram nesta segunda-feira durante uma manifestação que reuniu milhares de simpatizantes do grupo palestino Fatah na Faixa de Gaza - região que, desde junho, está sob controle de uma facção política rival, o Hamas. A violência na manifestação na Cidade de Gaza, convocada para lembrar os três anos da morte do líder palestino Yasser Arafat, teria começado depois que membros do Fatah provocaram guardas do Hamas com ofensas e pedras. Os guardas responderam atirando para o ar e, segundo testemunhas, também contra a multidão, que incluía mulheres e crianças. Muitos tentaram fugir, enquanto outros foram agredidos e presos. Segundo a correspondente da BBC em Gaza, Aleem Maqbool, pelo menos 30 ficaram feridos. Na manifestação desta segunda-feira, Zakaria Al-Agha, o líder do Fatah em Gaza, leu uma mensagem enviada pelo presidente palestino Mahmoud Abbas, em que o líder adotou uma postura desafiadora contra o Hamas. "Nós dizemos ao Hamas e a essas milícias armadas: parem com seus crimes. Esses crimes não vão abalar nossa determinação", disse. Um outro membro de alto escalão do Fatah, Mohammed Dahlan, disse que a mobilização desta segunda-feira em Gaza foi "uma ação popular". "Este pode ser considerado o primeiro movimento palestino em massa contra o programa do Hamas, e contra a conduta adotada pelo Hamas nos últimos tempos", afirmou. Por sua vez, um porta-voz do Hamas, Ihab Ghassain, disse que os guardas que reprimiram a multidão no evento estavam apenas revidando, depois de terem sido atacados com pedras e levarem tiros dos simpatizantes do Fatah. "Eles apenas querem fazer qualquer coisa para trazer o caos à Faixa de Gaza, mas nós não vamos deixar", disse. "Nós vamos pará-los, nós vamos persegui-los e colocá-los na cadeia." O evento em memória de Arafat foi a primeira manifestação em massa ocorrida em Gaza desde junho. O Hamas vinha proibindo eventos do tipo organizados pela oposição, mas, segundo analistas, a proibição de um evento em homenagem ao líder palestino morto em 2004 seria uma medida profundamente impopular em Gaza. Desde a morte de Yasser Arafat - para muitos, o líder que mais personificou o sonho de um Estado palestino - tem se intensificado a divisão entre o Fatah (grupo do presidente palestino Mahmoud Abbas e ao qual Arafat era ligado) e o Hamas, as duas principais facções políticas palestinas. Até hoje, Arafat é visto como uma figura unificadora dos palestinos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.