No encontro com a reportagem do Estado na quarta-feira, quando tentou vender as provas do Enem, o capoeirista Felipe Pradella foi bem mais incisivo que o seu colega, o DJ Gregory Camillo Craid. "Sou curto e grosso", disse, referindo-se à exigência de receber R$ 500 mil pelo material. "Isso daí é uma bomba na nossa mão."Felipe era o mais convicto dos dois quanto à possibilidade de fazer dinheiro com as provas. Ante a recusa da reportagem em negociar, disse que iria procurar outros órgãos de imprensa e mencionou cinco deles. Disse que tinha pressa. "A gente vai tentar fazer isso hoje."A equipe do Estado argumentou que a questão era de interesse público, de evitar que 4,1 milhões de estudantes tivessem prejuízo participando de uma prova que seria anulada depois. Felipe ficou impaciente. "Isso é o interesse do jornal, isso não é o nosso interesse", afirmou. "Deixa eu te explicar: eu não saí lá de onde eu moro pra vir aqui pra depois chegar e voltar com isso. Tem que ter noção, entendeu?"O encontro foi marcado por telefone por Gregory, que se identificou como "O Informante" nos contatos com a redação. Ele insistiu que queria falar com os jornalistas em um local público. Concordou com o lugar sugerido pela reportagem do Estado, um café da zona oeste, e disse que estaria lá às 19h15, vestindo uma jaqueta preta. Contou ainda que pessoas de sua confiança ficariam rondando o estabelecimento.O encontro começou com atraso - Gregory primeiro alegou que os dois tinham se perdido e, depois, que tinham ido a outro café na região, por engano. Felipe foi o primeiro a chegar e passou direto pela mesa dos jornalistas. Caminhou até o fundo do café, conversou com uma funcionária e entrou no banheiro. Foi só na volta que ele perguntou pela repórter Renata Cafardo. Logo depois chegou Gregory, com uma pasta. Dentro dela estavam as provas do Enem.