Fila leva a venda de vaga em postos de saúde do Rio

PUBLICIDADE

Por AE

As filas para obter senhas para marcar consultas, exames e até para o retorno em postos de saúde de saúde e policlínicas do Rio leva moradores das imediações dos serviços a vender vagas nas filas de espera. Em Del Castilho, na zona norte da cidade, a comercialização de lugar na fila virou caso de polícia. A Delegacia de Repressão a Crimes contra a Saúde Pública (DRCCSP) abriu inquérito, no início do mês, para investigar a denúncia dos pacientes contra uma mulher, identificada como Jurema, que por dez anos monopolizou os primeiros lugares do atendimento no posto, vendidos por R$ 25. Ela deixou de frequentar a policlínica após as denúncias chegarem à imprensa. O delegado Fabio Cardoso, da DRCCSP, já tem fotografias de Jurema e de outra mulher que também atuava ali. "Estamos perto de detê-las", afirmou. Segundo o delegado, que também abriu procedimento para investigar a venda de lugares na fila no Posto da Mangueira, na zona norte, ainda não há indício de participação de funcionários dos postos. A reportagem, no entanto, verificou a comercialização de vagas em outros pontos da região. Quase todos os dias, o desempregado Paulo Roberto (não informou o sobrenome), de 57 anos, desce o Morro do Turano, na Tijuca, de madrugada. Ele vive de pequenos serviços - entre eles, o de guardar lugar na fila da Policlínica da Praça da Bandeira, admite. Ganha um "trocado", afirma, de acordo com a possibilidade do freguês. No entanto, pacientes avisaram que Paulo cobra R$ 15 pela vaga na fila.O guardador chega à praça às 2 horas. Leva um guarda-chuva, casaco e senta num caixote. "O pessoal da fila não reclama porque eu não abuso, não guardo lugar para um monte de gente. É só para conhecido, uma mãe que não pode sair à noite, um idoso que não aguenta esperar em pé", afirma Paulo Roberto. Na quarta-feira, ele esperou até as 6h30 para dar o lugar a Arlete Pereira, de 45 anos. Também cedeu o caixote para o aposentado Manoel Batista da Silva, de 79 anos, o primeiro a ser atendido. "Ele chegou aqui comigo. Só foi em casa um instantinho", afirmou, para em seguida ser desmentido por outros pacientes na fila.O Ministério da Saúde estabelece, na portaria 1.101/2002, que o município deve oferecer um posto de saúde para cada 20 mil habitantes. Com 6,2 milhões de pessoas, o Rio tem apenas 76 desses estabelecimentos, suficientes para atender a apenas 25% da população, aponta levantamento, a partir de dados da prefeitura, feito pelo vereador Paulo Pinheiro (PPS), da Comissão de Saúde da Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.