Se os programas governamentais estimularam as vendas de tratores de baixa potência, para pequenos produtores, a linha de crédito Finame Agrícola PSI, com juros de 4,5% ao ano (Veja box), lançada em agosto pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), deu fôlego para médios e grandes produtores renovarem o maquinário. "O Finame Agrícola fez os segmentos de média e alta potência reagirem no segundo semestre de 2009", afirma Jak Torretta, da Valtra.O produtor de soja e milho Roberto Rubens Gasparelli é prova desse "fôlego." Ele aproveitou o lançamento do Finame Agrícola para renovar a frota de máquinas no ano passado. Com propriedades no Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, Gasparelli comprou quatro colhedoras e três tratores de 180 cavalos de potência cada um - cada trator custou R$ 180 mil. "Estava precisando investir em máquinas novas e aproveitei que 2009 foi um ano que a soja deu um retorno bom", diz. Os ganhos que teve com a soja no início do ano passado, quando a saca batia a casa dos R$ 47, e o juro atrativo de 4,5% ao ano do Finame Agrícola foi o estímulo para a renovação da frota. Segundo o produtor, pondo as contas na ponta do lápis, o investimento nas colhedoras - uma colhedora de milho como a que Gasparelli comprou chega a custar R$ 700 mil; a colhedora de soja, R$ 350 mil - valeu a pena. "A colhedora de milho é moderna e evita a quebra dos grãos, o que já reduz perdas. E quem não tem maquinário próprio gasta com equipamentos alugados ou com serviços terceirizados", explica o produtor.Para Alexandre Martins, da Case IH, o Finame PSI manteve aquecido o mercado de máquinas de grande potência. "Esta forma de financiamento é uma ótima opção para os produtores adquirirem equipamentos nas faixas mais altas de potência e com maior valor agregado, incluindo colhedoras de cana, café, pulverizadores auto-propulsados, plantadoras e mesmo tratores com mais de 100 cavalos de potência", avalia Martins.Segundo Martins, 2009 foi o ano em que os produtores investiram em colhedoras de grãos e de cana, no embalo do Finame Agrícola. "São investimentos de longo prazo, que o produtor faz para diminuir custos no campo e aumentar a produtividade. Ao contrário de todo o mercado, crescemos 3% na venda de colhedoras de grãos. E a expectativa para o mercado de cana é de crescimento de 40% até 2012", diz o gerente da Case IH.Segundo Carlito Eckert, diretor comercial da Massey, a empresa tentará repetir os números de 2009 este ano. "Temos participação em todas as categorias do mercado, com tratores de 50 a 215 cavalos. Vamos continuar investindo em máquinas de alta potência, sem tirar do foco a linha de menor potência." Para ele, a prorrogação do Finame Agrícola até junho (a princípio a linha de crédito duraria até dezembro de 2009) também deve contribuir p ara um cenário positivo em 2010.