O fluxo cambial --entrada e saída de moeda estrangeira no país-- ficou negativo em 575 milhões de dólares na primeira semana de setembro, em função de um déficit da conta comercial, mostrou nesta quarta-feira o Banco Central. No mês até o dia 6, a conta comercial registrou um déficit de 883 milhões de dólares. Já a conta financeira --por onde passam os investimentos estrangeiros em portfólio, diretos, entre outros--, teve superávit de 308 milhões de dólares. No acumulado do ano, o fluxo cambial ainda está positivo em 22,415 bilhões de dólares, uma redução significativa ante a entrada líquida vista no mesmo período do ano passado de 66,464 bilhões de dólares. O fluxo da primeira semana de setembro manteve a tendência vista em agosto, quando encerrou negativo em 896 milhões de dólares. No entanto, na ocasião, tanto a conta comercial quanto a financeira tiveram saídas líquidas, de 674 milhões de dólares e 222 milhões de dólares, respectivamente. O Brasil não registrava um fluxo mensal negativo desde maio deste ano, quando houve um déficit de 691 bilhões de dólares. Nesse período surgiu a avaliação de que, diante do cenário internacional conturbado e da perspectiva de crescimento menor da economia brasileira para o ano, a entrada de investimentos no país poderia ser afetada. As dúvidas persistem este mês, já que o quadro externo continua gerando cautela e o mercado ainda vê um crescimento abaixo de 2 por cento da economia em 2012. No entanto, há perspectiva de uma recuperação da atividade econômica a partir do final do ano e a expectativa de que bancos centrais continuem agindo para conter a crise internacional. Há chances de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, por exemplo, anuncie na quinta-feira uma terceira rodada de compra de títulos. A operação, chamada de "quantitative easing", injetaria liquidez nos mercados financeiros e poderia atrair mais recursos para o Brasil, uma vez que parte desses fluxos tendem a se dirigir para mercados emergentes. Na semana passada, o Banco Central Europeu (BCE) também deu mais detalhes sobre o seu novo plano de compra de títulos de países endividados da zona do euro. (Reportagem de Danielle Fonseca)
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