O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, atribuiu a "forças demoníacas" os obstáculos que têm atrasado a concessão de licenciamento ambiental para a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará."Às vezes, tenho a sensação que existem forças demoníacas puxando para baixo o País e não deixando que o País avance, não deixando que tenhamos a segurança energética que tanto precisamos", disse, em apresentação para mais de 300 executivos do setor elétrico reunidos ontem no 6º Encontro Nacional do Setor Elétrico (Enase), no Rio.Carregando no tom apocalíptico que atribuiu às organizações não-governamentais (ONGs) o papel das "forças ocultas" que impedem o desenvolvimento, Lobão ameaçou recorrer à geração térmica de energia, mais poluente. "Nós vamos vencer. Ou ficaremos derrotados no meio do caminho e partiremos para as usinas térmicas, que poluem mais", disse. Provocado, na entrevista após a apresentação, a identificar as "forças demoníacas" às quais havia se referido, ele destacou o papel do Ministério Público (MP) e das ONGs ambientais, contrários ao processo do licenciamento de Belo Monte.O ministro ressaltou que há condições de realização do leilão da Hidrelétrica de Belo Monte - projeto com capacidade de geração elétrica equivalente à das duas usinas do Rio Madeira juntas - no fim de novembro e disse que acredita em forte disputa pela usina. "Todas as construtoras do País e outros agentes financeiros estão interessados na obra", disse ele, lembrando que o consórcio vai ter participação entre 40% e 49% da Eletrobrás. "Como serão feitas essas parcerias ainda não definimos. Vai depender também do interesse dos sócios", afirmou.Frisando que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai apoiar "fortemente" o projeto, o ministro destacou também a participação de empresas estatais na disputa. "Só queremos garantir competitividade e para isso tem de haver pelo menos dois consórcios, mesmo que cada um tenha uma (empresa) controlada da Eletrobrás."O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse que é aguardada para a semana que vem a declaração de reserva de disponibilidade hídrica da Agência Nacional das Águas (ANA) para a usina. "Com esse documento, teremos um bom avanço para leiloar a usina até o fim de novembro", disse. Segundo ele, a partir dessa licença só faltará o Ibama se pronunciar. "Todos os percalços são contornáveis e sabemos que a usina vai sair."
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