Forças de segurança sírias dispararam contra manifestantes antigoverno e mataram 11 pessoas nesta quinta-feira, enquanto monitores do acordo de paz da Liga Árabe visitavam duas cidades para verificar se o plano para colocar fim ao derramamento de sangue estava sendo cumprido. As mortes foram registradas em comícios em várias cidades da Síria, incluindo quatro em Hama logo depois da chegada da equipe de monitores. Outras duas pessoas foram mortas em Idlib, outro destino dos monitores, enquanto passavam por um posto de segurança. As cidades que serão visitadas na quinta - Deraa, Hama e Idlib - ficam em um arco de revolta de 450 km do sul ao norte da Síria. No seu centro está Homs, onde o segundo dia dos monitores teve um início polêmico quando seu chefe sudanês reportou não ter visto "nada assustador" em uma excursão inicial. A missão árabe é o primeiro envolvimento internacional de destaque no conflito sírio, em que milhares foram mortos em uma repressão militar contra o levante para acabar com os 41 anos de governo da família do presidente Bashar al-Assad. Mas questões sobre a credibilidade dos monitores foram levantadas, já que seus movimentos pareciam limitados. A televisão estatal síria divulgou que os monitores haviam chegado em Hama e Deraa. Pouco antes, ativistas anti-Assad disseram que não tinham visto sinal dos monitores nas ruas até o meio da tarde e não conseguiam entrar em contato com eles por telefone. Forças de segurança adicionais foram enviadas para as áreas inquietas que esperavam os monitores, disseram os manifestantes. "Onde eles estão? Demos duro para essa visita, conseguimos testemunhas e mortes documentadas e locais de bombardeio. As pessoas querem marchar, mas os monitores desapareceram. A presença da segurança é realmente forte - parece que eles estiveram se preparando como nós", disse o ativista Odei em Idlib. Em Hama, ativistas disseram que os manifestantes saíram às ruas da cidade para esperar a delegação da Liga Árabe, em meio a forte segurança com atiradores apontando armas das janelas no alto dos edifícios. "As pessoas realmente querem encontrar (os monitores). Não temos muito acesso à equipe. As pessoas pararam de acreditar em qualquer coisa ou em qualquer um agora. Só Deus pode nos ajudar agora", disse Abu Hisham, um ativista da oposição em Hama. Moradores do subúrbio de Harasta, na capital Damasco, disseram ter visto carros com um logotipo da Liga Árabe. Se os monitores estavam de fato ali, seria a primeira visita-surpresa que faziam. Uma fonte no centro de operações da missão da Liga Árabe, no Cairo, disse na quinta-feira que houve um problema de comunicação, mas que o cronograma dos monitores foi mantido. "Entramos em contato com nossas equipes... o plano de hoje não será modificado e o único problema que tivemos hoje foi a péssima rede telefônica, que dificultou nossa comunicação com os monitores. Demorou para alcançá-los e determinar onde estavam". "ONDE ELES ESTAVAM?" A menos que consiga estabelecer sua credibilidade provando que têm acesso desobstruído a todas as áreas e é capaz de ouvir relatos não censurados, a missão da Liga Árabe pode não ser capaz de satisfazer todos os lados de que pode fazer um relato objetivo da crise. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que pelo menos 5.000 pessoas, a maioria manifestantes civis, foram mortas em nove meses de revoltas que Assad tentou conter com tanques e tropas. Quinze pessoas morreram no primeiro dia de visita dos monitores, e ativistas, temendo que a equipe da Liga Árabe seja ineficaz, disseram esperar que o massacre continue até que os observadores deixem o país.