Fracassa tentativa de golpe nas Filipinas; não há vítimas

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Por KAREN LEMA E RAJU GO
2 min de leitura

Equipes da polícia e das Forças Armadas das Filipinas invadiram um hotel de luxo de Manila, na quinta-feira, e colocaram fim a uma tentativa de golpe realizada por um pequeno grupo de militares e alguns aliados civis. As forças do governo atiraram bombas de gás lacrimogêneo no hall de entrada do Manila Peninsula Hotel e usaram veículos blindados para derrubar as portas de vidro do prédio antes de invadirem-no em meio a vários tiros dados para o alto. Não houve vítimas. Os militares rebeldes, um senador e alguns padres que tinham ocupado o luxuoso hotel dessa cidade de 12 milhões de habitantes renderam-se e foram detidos. "Vamos sair para garantir a segurança de todo mundo", afirmou antes da rendição, a repórteres, o líder do grupo, senador Antonio Trillanes. "Para a segurança de vocês, porque não conseguiríamos viver com o peso de saber que algum de vocês foi ferido ou morto no fogo cruzado. Não podemos arcar com esse preço." Essa é a mais recente de uma série de tentativas de golpe que atingiu o país do sudeste asiático desde a deposição do ditador Ferdinand Marcos, 20 anos atrás. O palco dos eventos de quinta-feira atraiu centenas de curiosos, mas ninguém deu sinal de apoio aos que estavam dentro do hotel. E não houve relatos sobre sublevações dentro das Forças Armadas. A maior parte dos hóspedes foi retirada antes da invasão. No entanto, mais de cem pessoas, entre as quais funcionários do hotel e jornalistas, viram-se envolvidos na ação. Trillanes, que em 2003 liderou um motim malsucedido contra a presidente Gloria Macapagal Arroyo e que conseguiu um vaga no Senado em maio, foi levado pelas forças de segurança com as mãos presas. Os aliados dele, entre os quais cerca de 25 soldados, um padre e um bispo aposentado, também foram detidos junto com vários jornalistas. Segundo autoridades do governo, os jornalistas seriam libertados após terem sua identidade verificada. "O mau comportamento de alguns não beneficia o país ou as Forças Armadas e a polícia", afirmou Arroyo, em um rápido pronunciamento. "Da mesma forma como ocorreu antes, vamos impor a lei de maneira rigorosa e sem favorecer ninguém." A tentativa de golpe começou quando Trillanes e alguns outros soldados abandonaram uma audiência de julgamento em que respondiam a acusações referentes ao motim de 2003, ao lado de guardas designados para impedir que escapassem. O grupo dirigiu-se ao Peninsula Hotel, no centro financeiro de Makati, e apoderou-se do prédio, convocando a derrubada de Arroyo. "Temos sido testemunhas e vítimas do tipo de governo cruel imposto ao povo. Agora, como soldados, vamos enfrentar isso", disse Trillanes a repórteres, quando questionado sobre se estava pronto para enfrentar novas acusações devido ao incidente de quinta-feira. Arroyo, cujos índices de popularidade despencaram por conta das reiteradas acusações de corrupção contra o governo dela, sobreviveu a pelo menos duas tentativas de golpe e a três de impeachment porque a classe média está farta da instabilidade política e porque a presidente conta com uma maioria sólida na câmara baixa do Parlamento. A líder filipina, além disso, possui algum respaldo devido à expansão econômica do país. O governo determinou um toque de recolher em Manila e em duas áreas vizinhas, a vigorar da meia-noite às 5h de sexta-feira, feriado nacional. Autoridades descreveram essa como sendo uma medida de precaução. Os mercados não devem ser afetados quando reabrirem, na segunda-feira, afastando qualquer outro surto de instabilidade, disseram analistas de economia. (Reportagem adicional de Rosemarie Francisco e Manny Mogato)