A escassez de profissionais da área de saúde nos países menos desenvolvidos do mundo piorou desde que a globalização lhes abriu a possibilidade de trabalhar em nações mais ricas, assinalou nesta terça-feira, 3, a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um relatório da OMS, lido na Universidade Nacional de Cingapura pela diretora geral da organização multilateral, Margaret Chan, assinala que, atualmente, são necessários mais de quatro milhões de profissionais com urgência, entre médicos, auxiliares e farmacêuticos, para atender às necessidades básicas da população em 57 países. A doutora Chan afirmou que a maior escassez de especialistas do campo da saúde é registrada nos países subsaarianos. Chan apontou que essa falta de pessoal põe em risco a prestação de serviços básicos como a imunização das crianças e os cuidados às gestantes e aos recém-nascidos. O documento da OMS compara a Etiópia, onde há 21 profissionais da saúde para cada 100 mil habitantes, e os Estados Unidos, que contam com 900 auxiliares médicos para cada 100 mil pessoas. Segundo a diretora geral da OMS, muitos países desenvolvidos, incluindo aqueles com boas universidades de Medicina, como Cingapura e Estados Unidos, começaram a contratar médicos do Paquistão, Índia e Filipinas, atraídos por melhores salários. Em países como a Libéria, na África Ocidental, um médico ganha aproximadamente US$ 15 ao mês. Recentemente, o governo das Ilhas Salomão anunciou a contratação de cerca de dez médicos cubanos para cobrir a demanda interna. Chan pediu aos países membros da OMS que desenvolvam programas para aumentar o número de profissionais da saúde, e contribuam para encorajar sua permanência nos países menos desenvolvidos que investiram em sua formação.