A Operação Esqueleto, da Polícia Civil, começou a desmontar ontem em Guarulhos, na Grande São Paulo, um esquema de desvio de combustível que provocou nos últimos sete meses prejuízo de R$ 8,2 milhões ao Estado e distribuidoras. Apelidado de ?Petrobalde?, o sistema, mantido por pequenas empresas de transporte, contava com pelo menos 12 caminhões que tinham um compartimento clandestino, conhecido como ?chiqueirinho?, que armazenava cerca de 10% da capacidade total do tanque. O espaço tem uma válvula de abertura controlada pelos motoristas, pela qual era desviada, sem despertar suspeita, parte da gasolina - de 500 a 1 mil litros - destinada aos postos. O lucro médio era de R$ 3,2 mil por carreta. ?O volume furtado estava dentro da margem de erro da medição feita pelos compradores?, diz o perito do Núcleo de Identificação Criminal do Instituto de Criminalística, Elias Maximiniano, para explicar por que a fraude demorou para ser descoberta. Para comprovar o golpe, a Operação Esqueleto usou um caminhão dotado de sistema de raio X - capaz de radiografar os tanques e detectar compartimentos secretos e usado para descobrir imigrantes clandestinos na fronteira dos Estados Unidos com o México. O combustível do ?chiqueirinho? era retirado antes do reabastecimento dos caminhões. Os motoristas paravam na rua, perto de distribuidoras no bairro dos Pimentas, em Guarulhos, e vendiam para os moradores baldes de gasolina por cerca de R$ 1,60 o litro - o preço chega a R$ 2,60 nos postos. As investigações, iniciadas a partir de suspeitas levantadas há cinco meses, surgiram com a identificação de uma significativa economia com a mudança de abastecimento em postos próprios para a utilização de cartões de combustíveis pelas secretarias estaduais. ?Verificou-se que o mesmo volume de consumo custava muito menos ao Estado se realizado em postos particulares?, explicou o corregedor da Polícia Civil, Olavo Reina Francisco. A Operação Esqueleto vistoriou 158 caminhões no pátio de uma distribuidora em Guarulhos. Doze deles tinham a ?gaiola secreta?. A polícia ouviu 14 pessoas e três agências da cidade, que montavam o compartimento, foram identificadas e fechadas. O envolvimento dos motoristas não foi comprovado e ninguém ficou preso. As informações são do Jornal da Tarde.
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