Governo do Paquistão suspende prisão domiciliar de Bhutto

O governo do Paquistão suspendeu na madrugada desta sexta-feira, 16, (noite de quinta-feira pelo horário de Brasília) a ordem de prisão domiciliar contra a líder da oposição e ex-primeira-ministra Benazir Bhutto. A ex-premiê havia sido colocada em prisão domiciliar na terça-feira, por um período de sete dias. A prisão, a segunda nos últimos dias, havia sido decretada pelo governo para impedir que Bhutto liderasse uma marcha contra o estado de emergência declarado pelo presidente paquistanês, Pervez Musharraf, no dia 3 de novembro. Apesar de a polícia afirmar que a prisão foi suspensa, a casa onde a ex-premiê se encontra, na cidade de Lahore, continua cercada por dezenas de policiais. Bhutto, que lidera o Partido do Povo Paquistanês (PPP), principal sigla da oposição, já afirmou que está dialogando com outros grupos de oposição - inclusive com seu rival e também ex-primeiro ministro Nawaz Sharif - sobre a formação de um governo nacional de consenso. Em entrevista a uma rede de TV local, Bhutto afirmou que descartou completamente a possibilidade de um acordo de divisão de poder com Musharraf. Ela acusou o general de levar o Paquistão rumo a uma ditadura militar. A suspensão da prisão de Bhutto em um prazo menor do que o previsto ocorreu apenas algumas horas antes da chegada ao Paquistão do subsecretário de Estado americano, John Negroponte. De acordo com correspondentes da BBC, Negroponte deverá pedir ao presidente do Paquistão que ponha fim ao estado de emergência.   Governo interino Nesta quinta-feira, o Parlamento foi dissolvido depois que seu mandato de cinco anos chegou ao fim e Musharraf nomeou o presidente do Senado, Mahommedmian Soomro, para assumir o cargo de primeiro-ministro interino até as eleições gerais, previstas para janeiro. Soomro se tornou primeiro-ministro à meia-noite (17h pelo horário de Brasília), quando chegou ao fim oficialmente o mandato dos atuais parlamentares, mas deve ser empossado oficialmente nesta sexta-feira. Ele vai substituir o primeiro-ministro Shaukat Aziz, que deixa o cargo depois de três anos de mandato. Segundo Musharraf, essa medida marca uma transição para a democracia. Seus críticos, porém, dizem que ele nunca demonstrou nenhum comprometimento com a democracia. A indicação do governo interino ocorreu no mesmo dia em que o Paquistão registrou as primeiras mortes nos protestos que têm tomado conta do país há quase duas semanas, desde que Musharraf decretou o estado de exceção. Dois meninos e um adulto morreram durante um tiroteiro na cidade de Karachi, em uma manifestação contra a prisão de Bhutto. Várias pessoas ficaram feridas.   BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.