Greve de bispo não altera projeto do São Francisco, diz ministro

Geddel diz que não se submeterá a chantagem e pediu que médicos ficassem à disposição de d. Cappio

PUBLICIDADE

Por Milton da Rocha Filho
2 min de leitura

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, reagiu ao anúncio da greve de fome do bispo Luiz Flávio Cappio e prometeu não recuar um milímetro no cronograma do projeto de transposição do Rio São Francisco. O ministro disse, em entrevista ao jornal A Tarde, de Salvador, que não vai se submeter a chantagem de ninguém e pediu ao governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que colocasse médicos à disposição do bispo.   "Como católico, entendo que é pecado atentar contra a própria vida. Lamento profundamente que dom Cappio tenha enveredado por este caminho, indo contra os princípios da própria Igreja da qual ele é pastor. Rezo a Deus para que o bispo tenha bom senso, pois vamos levar o projeto adiante", afirmou. Veja também:    Entenda a transposição do São Francisco  Bispo retoma greve de fome contra obras do São Francisco   D. Cappio reiniciou a greve de fome na última terça-feira e acusa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "enganar" a população ao descumprir a promessa de discutir publicamente o projeto. Ele disse, em entrevistas a rádios da capital paulista, que está bebendo apenas "água do rio São Francisco aqui em Sobradinho que é muito boa". A meta, segundo Geddel, é licitar o primeiro lote da construção dos canais até o dia 15 e concluir até o fim do mandato de Lula pelo menos o trecho principal (Leste) da obra estimada em R$ 4,5 bilhões. Os atrasos sofridos até agora são apenas resultado das "manifestações legítimas" da Justiça. "Meu discurso e o do presidente estão afinadíssimos", ressaltou, informando que havia conversado com Lula sobre d. Cappio. "Homem público não pode ter medo do desgaste quando sabe que está certo", acrescenta.   Greve em 2005   Em 2005, Cappio ficou conhecido no País por ficar 11 dias em greve de fome contra as mudanças no curso do rio.  Ele chegou a perder quatro quilos. À época, o protesto surtiu efeito e o governo decidiu suspender a transposição, embora provisoriamente. A obra também havia sido inviabilizada por meio de liminares na Justiça. Mas, como é uma das prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o projeto de transposição voltou a ser tocado.   Após o acordo com Lula há dois anos, Cappio disse preferir aguardar os acontecimentos e que, se o acordo não fosse cumprido, voltaria para Cabrobó e para a greve de fome, reiniciando a luta. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Santa Sé criticaram Cappio quando da primeira greve de fome. Em resposta, o religioso disse em entrevistas que não temia ameaças, especialmente do Vaticano.   Cappio foi visitado por romeiros e fiéis e teve sua imagem reproduzida em santinhos confeccionados pela prefeitura de Barra e distribuídos em Cabrobó, trazendo a frase de sua autoria: "Quando a razão se extingue, a loucura é o caminho." Camisetas também foram distribuídas por religiosos.O gesto de d.  Luís atraiu a atenção internacional.     Texto ampliado às 14h52

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.