Greve nos transportes públicos gera caos na França

Sindicatos protestam contra reforma do sistema de aposentadorias especiais.

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Por Daniela Fernandes
2 min de leitura

A greve dos ferroviários, metroviários e motoristas de ônibus na França deixou o sistema de transportes públicos do país em situação caótica nesta quarta-feira. Os sindicatos estão protestando contra a reforma de seu regime de aposentadorias especiais, proposta pelo presidente Nicolas Sarkozy. Trens regionais circulavam em ritmo de conta-gotas durante a manhã, linhas suburbanas foram canceladas e apenas 12% dos TGVs, os trens de grande velocidade, estavam circulando. Em Paris, só 20% dos trens do metrô e 15% dos ônibus funcionavam normalmente, mas o Eurostar - que liga a França à Grã-Bretanha - não foi afetado pela paralisação. Diferentemente da paralisação realizada em 18 de outubro, esta nova greve dos ferroviários ocorre por tempo indeterminado. Muitos já comparam a paralisação atual à grande greve de 1995, que deixou a França sem transportes durante várias semanas, em razão do mesmo motivo: a reforma dos regimes especiais de aposentadoria desses servidores. O ministro do Trabalho francês, Xavier Bertrand, se reúne com sindicatos da categoria na manhã desta quarta-feira para tentar encontrar uma solução para o impasse. Os ferroviários e metroviários protestam contra a reforma que prevê o aumento do tempo de contribuição dos atuais 37,5 anos para 40 anos de trabalho. O governo se diz aberto às negociações, mas vem reiterando que esse ponto da reforma "não está aberto a discussões". O presidente francês, Nicolas Sarkozy, quer equiparar o sistema de aposentadorias especiais da categoria ao dos outros servidores públicos, que - depois de outra reforma aprovada em 2003 - passaram a ter de trabalhar 40 anos antes de se aposentar, como no setor privado. A grande maioria dos franceses se opõe à greve do setor de transportes: quase 70% não querem que o governo ceda às reivindicações, segundo a pesquisa conduzida pela empresa OpinionWay e publicada pelo jornal Le Figaro. Algumas associações realizaram até mesmo protestos nas estações de trem contra a greve. A direção da estatal ferroviária SNCF prevê distúrbios pelo menos até o fim de semana, já que, quando os trens ficam parados, é necessário realizar trabalhos de manutenção. A mobilização desta quarta inclui ainda os funcionários das estatais de gás e eletricidade, que também são atingidos pela reforma das aposentadorias especiais. Além disso, estudantes universitários estão fazendo greve para protestar contra outra reforma, a que prevê a autonomia financeira e administrativa das faculdades. O movimento vem ganhando força nos últimos dias. Cerca de 20 universidades, de um total de 85, estão parcialmente ou totalmente paralisadas. A nova lei prevê, por exemplo, que as faculdades possam realizar parcerias com empresas, o que os estudantes consideram uma "privatização" do ensino superior. Os universitários participarão das passeatas dos ferroviários e funcionários dos setores de gás e eletricidade previstas em todo o país. Na terça-feira, estudantes tentaram bloquear trilhos nas estações de trens, mas foram impedidos pela polícia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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