Após mais de uma semana de buscas por sobreviventes nos escombros deixados por um terremoto que devastou o país, o Haiti se preparava neste sábado para chorar seus mortos em meio a sinais de que o cotidiano começava a voltar ao devastado país caribenho. Uma grande multidão é esperada para o funeral do arcebispo católico Joseph Serge Miot, morto no terremoto de 12 de janeiro, que deixou a cidade em ruínas. A cerimônia será realizada do lado de fora das ruínas da catedral de Notre Dame, no país majoritariamente católico. "Como arcebispo, ele tem o privilégio de ficar ao lado do que restou da catedral, mas como a catedral foi destruída, ele só poderá ser transferido para lá quando uma nova for construída, e não sabemos quando isso irá acontecer", disse o arcebispo Bernardito Auza, embaixador do papa no Haiti, à agência de notícias católica. Em meio ao luto, há sinais de que o país caribenho, o mais pobre das Américas, começa a voltar à vida. Os bancos devem reabrir no sábado e as agências de transferência de dinheiro voltaram a operar após reabrirem no sábado. "Quero pegar o dinheiro enviado pela minha família no Canadá. São 500 dólares, mas é difícil. Há muitas pessoas", disse o empresário Aslyn Denis, de 31 anos, enquanto esperava numa fila com centenas de pessoas do lado de fora de uma dessas agências. Embora a ajuda vinda de várias partes do mundo estivesse chegando à devastada cidade em uma enorme operação de ajuda realizada pelos Estados Unidos, os sobreviventes do terremoto ainda acampavam nas ruas e reclamavam que não recebiam comida. "Estamos com fome, estamos com sede, não podemos mais aguentar. Queremos comida, queremos água, Abaixo Préval. Vida longa a Obama", gritava um grupo de manifestantes do lado de fora de um posto de polícia onde o governo do presidente haitiano René Préval está funcionando. A polícia afastou algumas dezenas desses manifestantes. Préval, cujo palácio e residência presidenciais foram destruídos pelo terremoto que matou até 200 mil pessoas, disse que seu governo e parceiros internacionais estão fazendo todo o possível para levar assistência aos sobreviventes. "Não estamos sentados parados, sem fazer nada. Conheço o tamanho dos problemas e sei que as pessoas estão sofrendo", disse. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, enviou um grande contingente militar para ajudar nos esforços internacionais de ajuda. (Reportagem adicional de Catherine Bremer, Adam Entous, Joseph Guyler Delva e Natuza Nery em Porto Príncipe; e Lesley Wroughton em Washington)
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