A importação de óleo diesel pelo Brasil deverá cair este ano e pela primeira vez ficar abaixo de 10 por cento do consumo local, informou o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, prevendo que a partir de 2012, com a entrada de novas refinarias, o Brasil passará a ser exportador do produto. "Em 2009 talvez a gente tenha uma importação abaixo dos 10 por cento da demanda em termos de volume," afirmou Costa a jornalistas durante lançamento do início da produção brasileira de um diesel menos poluente, o S-50, que aos poucos vai substituir o S-500 utilizado atualmente. Segundo o executivo, além do menor despacho de usinas térmicas este ano, melhorias feitas nas refinarias da Petrobras vão possibilitar maior produção interna. O Brasil consumiu entre 40 e 45 milhões de metros cúbicos de diesel em 2008, sendo cerca de 15 por cento comprado fora do país. "De agosto para cá, quando começaram a entrar as melhorias das nossas refinarias, a economia com importação de diesel foi de 600 a 700 milhões de dólares", informou Costa sem saber dizer os volumes. No primeiro trimestre, apesar de uma alta de 0,4 por cento na venda de combustíveis líquidos, o consumo de diesel caiu 0,5 por cento, percentual que atinge queda de 2,5 por cento se for considerado o consumo das usinas térmicas. "Ano passado se usou muito as térmicas, este ano não teremos geração significativa por diesel", explicou Costa. PREÇO Costa afirmou que o mercado internacional de petróleo ainda está bastante volátil e por isso não há previsão de quando será feita a redução do preço do diesel e da gasolina no mercado interno. Ele disse que ainda não há como prever qual será o comportamento da commodity nos próximos meses, mas informou que até o momento o preço médio é de cerca de 45 dólares o barril, contra 99 dólares o barril da média do ano passado. Já o novo diesel S-50, que começa a ser produzido em pequena escala no Brasil e ainda depende de importação, terá o seu preço repassado para o consumidor, basicamente empresas de ônibus do Rio de Janeiro e São Paulo e alguns postos do Nordeste do país. Segundo Costa, a capacidade instalada da Refinaria Duque de Caxias, a primeira que produzirá o S-50, é de 360 milhões de litros por ano. Os 1,1 bilhão de litros restantes terão que ser importados. Até o momento, já foram importados 220 milhões de litros do produto, que tem teor de enxofre menor. "A diferença de preço do diesel comum para o S-50 é de cerca de 10 por cento e será repassado", afirmou o diretor, informando que na sexta-feira o barril de diesel custava 67,70 dólares contra os menos de 50 dólares do barril de petróleo. Apesar do aumento de preço o consumidor praticamente não vai sentir a diferença para o diesel anterior, explicou Costa. Sem motores adequados, a redução de emissão de poluentes do novo combustível será de apenas 10 por cento, contra os cerca de 70 a 80 por cento que proporcionará quando os motores brasileiros forem adaptados. "Só o combustível não resolve nada, não há milagre que faça reduzir emissão com os motores com tecnologia defasada", disparou. O início do programa S-50 envolvia também as montadoras de automóveis no Brasil, que no entanto prorrogaram a entrega de motores adequados ao novo combustível para 2012, em uma polêmica que se arrastou pelos dois últimos anos e provocou atritos também com o Ministério do Meio Ambiente. (Reportagem de Denise Luna; Edição de Marcelo Teixeira)
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