Indefinição em portos afeta investimento, diz Bunge

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Por Redação

Indefinições do governo sobre a renovação de concessões de terminais portuários privados, que vencem ao final do ano, atuam como um limitador de investimentos por parte das empresas, disse neste sábado o presidente da Bunge, Pedro Parente, durante seminário em Campinas. "Há concessões portuárias que vão vencer no final do ano, e você não sabe o que vai acontecer, o governo não divulgou... É extremamente difícil de investir", afirmou Parente, que comanda a unidade brasileira da multinacional do agronegócio, uma das principais exportadoras do Brasil. Segundo ele, são necessárias regras claras para o empresariado realizar os investimentos. "Se a gente tiver que aumentar o investimento, o quadro geral, o estímulo, precisa mudar", declarou. "Há investimentos para serem feitos em portos e, dada a indefinição, o empresário não se anima a fazer." Gargalos para o escoamento de produtos nos portos são um dos principais problemas do setor agrícola do Brasil, bastante competitivo no campo, mas que sofre com problemas históricos de infraestrutura. Em tempos de safra recorde, como os atuais, em meio a preços agrícolas oscilando perto de patamares recordes, esses gargalos dificultam ainda mais a situação do setor. A fila de espera de navios nos portos, em função da falta de capacidade dos terminais para atender a demanda para exportação de grãos e produtos como açúcar, tem sido grande recentemente. São dezenas de navios aguardando para atracar, lembrou Parente, o que atrasa as operações e gera prejuízos para as empresas. CASO DA BUNGE Em entrevista a jornalistas após a palestra, Parente comentou que a Bunge explora concessões portuárias e que a empresa "realmente tem a preocupação de que a maior antecipação possível seja dada" pelo governo para que a companhia possa programar investimentos. Mas ele não quis falar especificamente se a Bunge tem alguma concessão vencendo. "Eu não quero fazer discussão em cima de um ponto específico, acho que o caso é a logística do país como um todo", afirmou ele, admitindo que negociações com o governo sobre o assunto sempre existem. Segundo ele, é necessário que os problemas logísticos no país sejam reduzidos com urgência, num cenário de que a safra brasileira de grãos continuará crescendo nos próximos anos. "Temos na logística um gargalo muito grande, e quando a gente fala de safras que podem chegar a 100 milhões de toneladas de soja e 100 milhões de toneladas de milho, o que é para o país uma coisa extraordinária, realmente o nível de investimento em logística está muito baixo e nos causa preocupação, a gente acha que é um grande desafio do país." Questionado sobre recursos, ele disse que "as necessidades são ilimitadas, mas é preciso destravar o processo". "Mais importante que o volume de recursos, ou tão importante como o volume de recursos, é destravar o processo", destacou. "O destrave envolve questões tributárias, burocracia, questões ambientais, há todo um conjunto de medidas que favoreceriam muito o ambiente, o estímulo ao investimento, que me parece que o governo está acordando que precisa ser feito, e ele já falou que vai fazer... mas é claro que ainda há um longo caminho entre a decisão de fazer e a decisão começar a ter efeitos práticos." (Por Roberto Samora)

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